Pesquisas mais recentes colocam o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, atrás do ex-presidente Donald Trump, com queda dramática na intenção de voto entre os jovens e os árabes-americanos, grupos que foram fundamentais para a vitória do atual mandatário nas eleições de 2020.
De acordo com pesquisa realizada pelo Siena College e publicada nesta semana pelo The New York Times, Donald Trump, favorito para obter a indicação republicana, está à frente do presidente Joe Biden em cinco dos seis estados-chave para as eleições gerais de 2024.
A pesquisa aponta que o magnata republicano e ex-presidente (2016-2020) venceria nos estados de Arizona, Geórgia, Michigan, Nevaol lopda e Pensilvânia, enquanto Biden, que ganhou todos esses estados nas eleições passadas, lidera apenas em Wisconsin, com vantagem de apenas dois pontos percentuais.
O Instituto Árabe-Americano publicou no final de outubro pesquisa que aponta que 17% dos eleitores de origem árabe afirmam que apoiarão Biden em 2024, queda dramática em relação às eleições de 2020, quando o candidato democrata obteve 59% dos votos desse grupo.
O principal motivo desse resultado seria o alinhamento da atual administração com o governo de Benjamin Netanyahu, após o ataque do Hamas à população israelense em 7 de outubro, que gerou uma ofensiva das Forças Armadas de Israel na Faixa de Gaza, que já matou mais de dez mil pessoas e deslocou cerca de 1,5 milhão de civis.
A Sputnik consultou especialistas para analisar como o apoio à escalada militar israelense prejudica a candidatura de Biden, nas eleições gerais, que estão marcadas para 5 de novembro de 2024.
Para o pesquisador do Centro de Estudos da Eurásia da Universidade Autônoma Metropolitana (UAM) Mauricio Alonso Estevez Daniel, o cenário atual é “catastrófico” para as chances de reeleição de Biden. A gravidade de seus números poderia forçar os democratas a escolherem outro candidato presidencial para 2024.
“Devido à impopularidade de Biden até mesmo dentro de sua própria base, não descartaria que os democratas queiram outro candidato, com o objetivo de se distanciar de sua política externa e da gestão do atual presidente”, diz Alonso.
O internacionalista e professor de relações exteriores da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) Juan Daniel Garay disse à Sputnik que Biden, que já chegava às eleições com números econômicos medianos, agora está enfraquecido pelo envolvimento dos EUA na Ucrânia e pelo seu apoio a Israel, em um momento em que a comunidade internacional e grande parte de seus eleitores condenam a morte indiscriminada de cidadãos palestinos em Gaza e não apoiam o envio de dinheiro para Kiev.
“Embora o voto árabe represente apenas 3% do eleitorado, muitas vezes essas eleições são decididas por margens muito estreitas, devido ao sistema do Colégio Eleitoral, o que significa que cada voto e cada grupo contam. E, se adicionarmos a perda de apoio entre os jovens, cuja situação econômica piorou nos últimos anos, o cenário não parece bom para Biden”, identificou o acadêmico mexicano.
O pesquisador da UAM lembra que os Estados Unidos historicamente mantiveram uma postura pró-Israel, associando qualquer pessoa árabe ou palestina ao terrorismo, como foi visto após os ataques de 11 de setembro, em Nova York, em 2001.
“Claro, eles vão querer distorcer a realidade, como fizeram com o conflito na Ucrânia, devido à forte colaboração entre o governo e a mídia nos Estados Unidos. Mas duvido que Biden possa recuperar esses votos, porque seu apoio a Israel tem sido muito claro, tanto em palavras quanto em financiamento. E isso certamente o prejudicará muito eleitoralmente desta vez”, concluiu.
Fonte: Sputini News