A mudança no comando da Câmara dos Deputados trouxe um novo perfil de presidente à Casa Baixa. Jovem e com capacidade de construir acordos, Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito com o discurso de que seria um líder humilde, ouviria a todos e atuaria para jogar panos quentes na briga entre governo e oposição.
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Motta começou o mandato estendendo a mão ao Planalto, mas sem deixar de defender o parlamento. Encontrou-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e prometeu uma atuação em conjunto para avançar em pautas de interesse nacional.
Ao longo de sua primeira semana no cargo, no entanto, demonstrou que será um presidente atuante: dará entrevistas, comentará os temas que achar pertinentes e criticará as atitudes, seja do Executivo, seja da oposição, que entender que atrapalham o andamento dos trabalhos da Câmara. Prova disso foi seu posicionamento sobre a "guerra de bonés" iniciada por parlamentares e ministros do governo que foram à eleição na Câmara e no Senado com mensagens que diziam "O Brasil é dos Brasileiros" — uma referência ao adereço usado por apoiadores do presidente norte-americano Donald Trump (Republicanos), que diz "Make America Great Again". A oposição respondeu e começou a fazer suas próprias versões.
"Para mim, boné serve para proteger a cabeça do Sol, e não para resolver os problemas do país", disse Motta em uma postagem em seu perfil na rede social X (ex-Twitter). Um tipo de troca de farpas em que o antecessor, Arthur Lira, do PP de Alagoas, não costumava se meter. O alagoano guardava suas críticas aos adversários políticos ou a quem ele entendesse que estava prejudicando os acordos da Câmara, como foi quando o Supremo Tribunal Federal insistiu no bloqueio de emendas parlamentares por falta de transparência.