Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos”, defendeu o ministro rebatendo Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirmou que “um criminoso anistiado é um criminoso impune” em declaração no VI Encontro Nacional do Ministerio Público no Tribunal do Júri, em Brasília, na manhã desta quinta (14).
Moraes declarou que a tentativa de atentado do bolsonarista Wanderley Francisco contra o STF na noite da quarta-feira (13) “não é um fato isolado” e faz parte de um contexto de ataque às instituições e suas autoridades.
“Só é possível essa necessária pacificação do país com a responsabilização de todos os criminosos. Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos. Nós sabemos, e vocês que atuam no Ministério Público sabem, que um criminoso anistiado é um criminoso impune. E a impunidade vai gerar mais agressividade, como gerou ontem [quarta-feira,13]”, afirmou Alexandre de Moraes.
Após o atentado, Bolsonaro falou em “pacificação” em publicação na sua rede social. Segundo ele, “já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente, e que a força dos argumentos valha mais que o argumento da força”.
Parlamentares bolsonaristas têm tentado passar no Congresso um projeto de anistia para os envolvidos na tentativa golpista nos eventos de 8 de janeiro de 2023. Eles querem anistiar, inclusive, Bolsonaro. Agora, após o atentado, os bolsonaristas avaliam em grupos de WhatsApp que a iniciativa sofreu um forte abalo com o ato tresloucado de Wanderley Luiz.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou que o atentado terrorista realizado por um bolsonarista na noite de quarta-feira (13) em Brasília é fruto do “famoso gabinete do ódio” quando “começou a destilar discurso de ódio contra as instituições”.
Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado, foi o único que morreu com as explosões em frente ao Supremo.
“Queira Deus que seja um ato isolado este ato. Mas o contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro”, afirmou Moraes na quinta-feira (14).
Alexandre de Moraes será o relator do inquérito que investiga este atentado, uma vez que ele já coordena outras investigações de ataques contra a democracia, como o das fake news e o do ataque de 8 de janeiro de 2023.
Para o ministro, os ataques às instituições democráticas “foi se avolumando sob o manto de uma criminosa utilização da liberdade de expressão. Ofender, ameaçar, coagir, em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já se manifestou de forma a conectar o atentado de 8 de janeiro com a organização, dentro do antigo governo de Jair Bolsonaro, de um golpe de estado para impedir a posse de Lula.
Bolsonaro participou pessoalmente da quadrilha que, entre outras coisas, organizou ataques sistemáticos às instituições democráticas através das redes sociais. O ex-presidente ainda pediu às Forças Armadas apoio para instalar uma ditadura, mas não conseguiu.
A ex-esposa de Francisco Wanderley Luiz, Daiane, relatou à Polícia Federal que ele “queria matar o ministro Alexandre de Moraes e quem mais estivesse junto na hora do atentado”. Ela contou que ele fazia pesquisas no Google para organizar o ataque.
Na casa de Francisco em Brasília, a Polícia Federal encontrou um recado para uma terrorista presa pelo dia 8 de janeiro, Débora Rodrigues, que vandalizou a Estátua da Justiça, em frente ao STF, usando um batom.
“Debora Rodrigues, por favor não desperdice batom. Isso é para deixar as mulheres bonitas. Estátua de merda se usa TNT”, escreveu o bolsonarista.