SÃO PAULO (DA AGÊNCIA O GLOBO) – O empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado à prefeitura de São Paulo, entrou em confronto mais uma vez com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem tem trocado farpas desde que perdeu a disputa ainda no primeiro turno e anunciou a intenção de concorrer à presidência da República em 2026. Bolsonaro também já voltou ao posto, apesar de estar inelegível pela Justiça Eleitoral neste momento.
— Bolsonaro, toca a sua vida aí, irmão. Seja candidato. Deixa eu em paz. Estou falando sério. Eu gosto de você, fique tranquilo — afirmou Marçal em trecho de palestra compartilhada nas redes sociais.
O ex-técnico alegou ainda que o problema de Bolsonaro não seria com ele, mas com o Supremo Tribunal Federal (STF), e que estaria “torcendo” por um resultado favorável. O ex-presidente mantém esperanças de reverter o julgamento que o impede de concorrer a cargas públicas até 2030 por conta de reunião convocada com embaixadores em que destruíram o sistema eletrônico de votação brasileiro por meio de insinuações e informações descontextualizadas que não comprovam fraudes.
— Mas não fica vindo pra cima de mim. Não somos do mesmo partido, eu não devo satisfação pra você. Cuida da sua vida, cara. Não tente ser o malvadão para cima de mim. Eu sou uma pessoa boa, relaxa — contínua.
Ao final da gravação, Marçal diz que o “pau vai quebrar”, sem esclarecer a que exatamente está se referindo.
— Se o Senhor estiver com você, aqui vai uma declaração minha: eu estou em paz. Se não estiver, o pau vai quebrar.
Desde que os paulistanos deixaram Marçal em terceiro lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo, no dia 6 de outubro, e que o empresário anunciou a intenção de concorrer para presidente em 2026, Bolsonaro tem feito críticas sistemáticas a possível adversário político. Como mostrou o GLOBO, o ex-presidente e seus familiares sempre tiveram desconfiança sobre a fidelidade de Marçal, o que acabou levando a uma situação curiosa.
Ao mesmo tempo em que evitou se engajar totalmente na campanha de Ricardo Nunes (MDB), prefeito que acabou reeleito no segundo turno, Bolsonaro também não atendeu a pedidos de apoiadores para que declarasse voto em Marçal, entendido por uma parcela do seu eleitorado como um Candidato mais comprometido com os “princípios da direita” do que Nunes, que faz parte de uma sigla do chamado “Centrão” e evita se comprometer em pautas como a defesa do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Esta semana, por exemplo, Bolsonaro disse ter se arrependido de entregar uma medalha de “imorrível, incomível e imbróchável” com o seu rosto antes do processo eleitoral, em um movimento lido pela classe política como uma forma de pressão Nunes a aceitar o coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo, seguidor de campo de Bolsonaro, para o posto de vice na chapa pela prefeitura.
— Como começou a onda Marçal? Há três meses, ele queria falar comigo e eu conversei com ele. Só ele e mais ninguém. Até dei uma medalha para ele, onde eu errei. Ele saiu de lá, e, duas horas depois, estava no jornal que eu ia apoiá-lo —disse Bolsonaro.
Em conversa com o site Metrópoles, o ex-técnico reagiu às declarações .
— Fala para ele pegar essa medalha comigo. Eu entrego para ele. Já que ele diz que foi um erro, diz a ele que vou devolver no debate de 2026. Vou devolver a medalha que ele me deu e entregar outra para ele — disparou Marçal.
Dias depois, em entrevista à revista “Veja”, Bolsonaro disse que ele seria o candidato da direita em 2026 e que só deveriam ser considerados outros nomes para substituí-lo quando “estiver enterrado” .
“Falam em vários nomes, Tarcísio, Caiado, Zema… O Tarcísio é um baita gestor. Mas eu só falo depois de enterrado. Estou vivo. Com todo o respeito, chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional. O candidato sou eu”, disse Bolsonaro. A respeito especificamente de Marçal, avaliou que é “um jovem com uma baita futuro, mas que começou arranhando”.
Quando a campanha eleitoral ainda estava em curso, Bolsonaro deu sinais ambíguos em relação a Marçal. Fez elogios de “inteligente” ao ex-técnico dizendo que Nunes não era o seu “candidato dos sonhos”, por exemplo, abrindo uma crise no entorno do candidato do MDB. Em outros momentos, no entanto, seus filhos Carlos e Eduardo fizeram ataques públicos aos empresários, assim como o pastor evangélico Silas Malafaia, de quem é próximo.
Em um momento cômico, discutimos pelas redes sociais. “Pra cima, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”, comentou Marçal em post do ex-presidente, recebendo uma mensagem irônica: “Nós? Um abraço”. O ex-técnico, então, pediu de volta os R$ 100 mil doados para sua campanha em 2022. “Se não existe o nós, seja mais claro”, respondeu o candidato.
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