Jair Bolsonaro parece ter receio da própria sombra. Consta que não aceita nem mesmo que sua mulher, Michelle Bolsonaro, seja candidata a presidente da República. Tem de ser candidata a senadora, no Distrito Federal. E só.
Como se sabe, Bolsonaro está inelegível. É pura fantasia acreditar que, pressionado, o Supremo Tribunal Federal vai liberá-lo para disputar a Presidência da República em 2026.
Bolsonaro não será candidato a presidente. E ponto. É provável que não poderá disputar nem mesmo em 2030, quando terá 75 anos. Poderá disputar, é provável, em 2034, quando terá 79 anos. Ou seja, Bolsonaro dificilmente voltará a ser candidato a presidente. Está fora da política, ao menos como candidato.
Há, inclusive, a possibilidade de Jair Bolsonaro ser condenado à prisão pelo STF. É o que ele mais teme. Por isso fala grosso e tenta amedrontar ministros do Supremo — que, por sinal, não temem o ex-presidente, que rosna mais do que morde. Os dentes do líder do PL estão cada vez mais moles.
Em busca de adversários (quiçá inimigos) invisíveis, por não saber agregar, Bolsonaro está dando mostras de que teme uma candidatura de Ronaldo Caiado (União Brasil) a presidente da República. Porque, sendo moderado, ainda que de direita, o governador goiano não assusta a sociedade brasileira. Pelo contrário, desperta cada vez mais interesse.
Uma direita democrática e aberta, como a de Ronaldo Caiado, assusta Bolsonaro, por isso ele tem colocado sua mulher, Michelle Bolsonaro, para criticá-lo. A ex-primeira-dama, sempre incauta, nem sabe do que está falando. Ela até fala bem, mas não entende nada de política. Se for criticada com algum rigor, desmoronará. Se seu telhado for de vidro, ou de plástico, não resistirá a uma bateria constante de críticas.
O fato é que, como Ronaldo Caiado conquistou a atenção do país, sobretudo por causa de sua política de segurança — que funciona e agrada os brasileiros —, Bolsonaro pela de medo do político goiano.
Ao contrário do que alguns pensam, a quizília de Bolsonaro com Ronaldo Caiado nada tem a ver com a disputa pelas prefeituras de Goiânia e Aparecida de Goiânia. Tem a ver, isto sim, com a política nacional. O que Bolsonaro teme, acovardado — daí colocar a mulher para fazer críticas, de uma caipirice atroz —, é o Ronaldo Caiado candidato a presidente da República. (E.F.B.)