Reportagem do maior jornal de economia do país expõe as dificuldades do presidente da FIEG, Sandro Mabel, e dos bolsonaristas nas eleições na Capital
O Jornal Econômico trouxe nesta segunda-feira, 20, matéria assinada pelos jornalistas César Felício e Andrea Jubé, da sucursal de Brasília, sobre o cenário político das eleições em Goiânia.
Sob o título: “Direita se divide em Goiâia, mas Caiado já articula uma aliança com 14 partidos”, a reportagem analisa a disputa entre o presidente da FIEG (Federação das Indústrias de Goiás, Sandro Mabel (UB) e o deputado federal Gustavo Gayer (PL) pelos votos da direita e extrema-direta na Capital.
De acordo com a reportagem, ” a direita caminha para um divisão em Goiânia, reduto bolsonarista”. O texto observa que o racha não é apenas em relação à disputa municipal, mas também na presidencial, uma vez que o governador Ronaldo Caiado (UB) é pretenso candidato à presidência da República, mas os bolsonaristas goianienses não querem saber de aliança com o governador e nem o com o seu candidato a prefeito, Sandro Mabel.
Bolsonaro x Caiado
Os jornalistas destacam o distanciamento entre o projeto e Caiado e do do ex-presidente Jair Bolsonaro:
“Nos últimos meses, Caiado se apresentou como presidenciável, o que mexeu no tabuleiro local. Chamou a atenção de todas as forças politicas do Estado a frieza com quem Bolsonaro recebeu a iniciativa de Caiado, embora o goiano tenha apoiado o ex-presidente nas eleições de 2018 e 2022”, aponta a matéria, que complementa o raciocídio, ressaltando que “em uma recente passagem pelo Estado, jornalistas perguntaram ao ex-presidente se ele cogitaria apoiar Caiado, e ele se esquivou”.
Noutro parágrafo, a reportagem do Valor Econômico enfatiza o distanciamento entre o ex-presidente e o governador de Goiás:
“Quando mencionou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Bolsonaro foi enfático: “Esse é cria minha”.
O Valor Econômico salienta que o presidente nacional do PL, deputado Valdemar Costa Neto frisou que a candidatura de Gayer é um desejo do senador Wilder Moraes (PL), que aposta na vitória de Gayer para catapultar sua candidatura ao governo do Estado em 2026.
Gayer pode ser substituído
Segundo a matéria, Valdemar admite que Bolsonaro pode ter outros planos para Gayer, uma vez que o deputado goiano é um dos mais engajados na pauta bolsonarista nas redes sociais na criação de factóides e fake news, ao lado do deputado mineiro Nikolas Ferreira (PL).
De acordo com a análise de Cesar Felício e Andrea Jubé, embora Bolsonaro não queira Gayer na disputa, o deputado já se lançou, apesar de ter vários problemas. Em 2020, Gayer teve 8% dos votos, mas ele responde a uma denúncia na PGR (Procuradoria Geral da República) por racismo, e é do conhecimento dos goianos o episódio onde se envolveu em atropelamento e morte na cidade de Rialma, no Norte do Estado, onde supostamente estaria dirigindo sob efeito de bebidas alcoólicas.
A possibilidade de substituição da candidatura de Gayer pelo deputado estadual Eduardo Prado (PL) foi discutida noutra matéria, publica pelo jornal O Globo, que foi republicada pelo Onze de Maio, sobe o título: PL dividido em Goiânia entre Eduardo Prado e Gustavo Gayer.
Vanderlan pode ter apoio de Lula em 2026
Para o Valor Econômico, um dos postulantes do campo de centro-direita, o senador Vanderlan Cardoso (PSD), pode ser o nome que irá definir a eleição.
O jornal observa que ele é um candidato competitivo, que já disputou em 2016 e 2020, nesta última tendo inclusive o apoio de Caiado, de quem se distanciou, tendo feito o mesmo movimento em relação Bolsonaro, que teve seu apoio em 2018 e 2022.
Esta nova movimentação do senador da extrema-direita para o centro, fez membros influentes do PT, como o sindicalista Delúbio Soares e o senador e líder do Governo Jaques Wagner (PT-BA) a trabalharem por aliança em torno de uma possível candidatura de Vanderlan Cardoso ao governo do Estado em 2026, o que poderia signficar um entendimento entre PT e PSD na capital nestas eleições de 2024.
Tanto Mabel, quanto Vanderlan acreditam que a Delegada Adriana Accorsi (PT) já esteja no segundo turno, e que falta definir a estratégia do campo conservador sobre quem irá enfrentá-la.
Apesar de Bolsonaro ter alcançado 56% dos votos em Goiânia nas eleições presidenciais de 2022, Vanderlan Cardoso acredita que esta votação não terá influência na disputa municipal.”A polarização nacional em Goiânia não funciona”, afirma.
Vanderlan foi questionado pela reportagem se poderia apoiar Adriana, uma vez que sua candidatura está isolada de um lado, pela força da máquina administrativa do governo estadual, e do outro pelo sectarismo dos bolsonaristas, que insistem em “candidato puro”. Sua resposta é de que “tudo é possível”.
O senador é pragmático:
“Só há duas candidaturas consolidadas, a minha e a da dela (Adriana). Mabel foi lançado de improviso, Gayer não vai ser candidato a prefeito, não tem o apoio de evangélicos”, registra.
Do lado do PT, o pragmatismo também está em alta. Adriana Accorsi, filha do ex-prefeito Darci Accorsi (1993-1996), segue a receita vitoriosa do PT, que elegeu três prefeitos em alianças com partidos de centro-direita em 1992, 2000 e 2012.
“Sou pela diálogo amplo com todas as forças politicas e não defender a polarização é da minha natureza”.
Adriana diz que respeita a candidatura de Vanderlan Cardoso e acina com um evangélico para a vice:
“Podemos ter alguém da comunidade evangélica para sinalizar o nosso propósito de dialogar com este setor da sociedade”,conclui.
Com informações do Jornal Valor Econômico