O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta segunda-feira (22/4) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, passe mais tempo dialogando com o Congresso Nacional "em vez de ler um livro". A declaração ocorreu em meio a cobranças para que seus ministros articulem melhor com os parlamentares, já que há uma crise na relação entre Executivo e Legislativo.
"Isso significa que o [vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Geraldo] Alckmin tem que ser mais ágil. Tem que conversar mais. O Haddad, em vez de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington [Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome] e o Rui Costa [da Casa Civil] têm que passar a maior parte do tempo conversando com a bancada A, com a bacada B", frisou o presidente durante evento de lançamento do Programa Acredita, no Palácio do Planalto.
A iniciativa é um pacote de medidas para incentivar o crédito para famílias de baixa renda e micro e pequenos empreendedores. Lula assinou pela manhã a medida provisória (MP) que institui o programa, enviada ao Congresso para aprovação. Os parlamentares terão 120 dias para decidir sobre a matéria. O presidente disse estar otimista com a aprovação, mas sinalizou que espera modificações no texto.
Há, porém, uma tensão do governo com o Congresso, capitaneada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O Senado, comandando por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também vem impondo derrotas ao governo, como a aprovação da proposta de emenda à constituição (PEC) que criminaliza a posse de qualquer quantidade de drogas.
"É difícil, mas a gente não pode reclamar, porque a política é exatamente assim. Ou você faz assim, ou não entra na política. A política é a arte que permite a gente viver na diversidade com as pessoas, porque a gente tem divergência", declarou ainda o presidente Lula.