O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (18) que não se deve tirar conclusões precipitadas sobre a morte do opositor russo Alexei Navalny, uma crítica aos países do Ocidente, que se apressaram em culpar o Kremlin.
"Eu acho que é uma questão de bom senso [...] se a morte está sob suspeita, nós temos que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu", declarou Lula em Adis Abeba, na Etiópia, onde participou como convidado da cúpula anual da União Africana.
Lula afirmou que é preciso esperar os resultados periciais antes de expressar qualquer opinião.
Caso contrário, "você julga agora que foi não sei quem que mandou matar, e não foi, e depois vai pedir desculpas", afirmou.
"Para que essa pressa de acusar alguém?", questionou.
Suas declarações constituem as primeiras reações de um membro do Brics, grupo de países emergentes que também inclui Índia, China, Rússia e África do Sul.
Lula tem sido criticado pelos países do Ocidente por ter uma postura muita branda em reação ao presidente russo Vladimir Putin.
O presidente brasileiro criticou as reações de Estados Unidos e União Europeia à invasão russa da Ucrânia, e tem evitado aderir às sanções ocidentais contra Moscou.
Navalny, o principal crítico do Kremlin, morreu na sexta-feira aos 47 anos em uma remota penitenciária do Ártico, após mais de três anos de prisão.
Lula indicou que Navalny poderia estar doente e advertiu para os perigos de "banalizar uma acusação". "Não quero especulação", destacou.
"Eu até compreendo os interesses de quem acusa imediatamente: 'Foi fulano'. Mas não é meu mote. Eu espero o registro que vai fazer, o exame que diga de que o cidadão morreu", insistiu.
No sábado, o entorno de Navalny acusou as autoridades russas de estarem por trás de sua morte.