O retorno de Marta e composição da chapa foi alinhavado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na última segunda (8), no Palácio do Planalto. Ela teve de deixar, em meio a uma saia justa, seu cargo na Secretaria de Relações Internacionais da gestão do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorrerá à reeleição.
Nunes é o candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), motivo apontado para a ruptura entre Marta e o prefeito. Boulos se manteve discreto durante a semana, mas mudou o tom, após a reunião que ocorreu na casa da ex-futura petista, afirmando que ela “agrega profundamente para o projeto” que sua campanha deverá construir para a capital paulista.
“A Marta agrega experiência administrativa para este projeto que estamos construindo. Ela agrega uma amplitude, essa ideia de uma frente democrática pela cidade, que foi a razão da ruptura dela com o governo atual do Ricardo Nunes”, disse o deputado aos jornalistas, destacando que a saída da gestão foi “coerente com o que ela havia feito em 2022, quando apoiou Lula numa frente democrática”.
Segundo Guilherme Boulos, a conversa foi “extremamente amistosa, de troca de percepções e ideias sobre São Paulo” e que Marta está “animada” para entrar em campanha.
“Debatemos muito sobre os desafios das periferias de São Paulo, sobre as políticas públicas feitas pelo governo dela e pelos governos progressistas na cidade. Ela está muito animada para organizar e fazer campanha. Eu fiz um convite para a Marta, que foi prontamente aceito. Uma vez feito o processo de filiação e as confirmações que precisam ser feitas pelo Partido dos Trabalhadores, eu vou levá-la para um encontro com os movimentos sociais da cidade de São Paulo, para que tenha essa reconexão da Marta de volta ao PT e que retorne a sua relação com os movimentos sociais ou construir, provavelmente já em fevereiro”, antecipou ele.
A expectativa é que o evento de filiação ocorra em fevereiro e há a possibilidade de que ocorra no dia 10, quando o PT comemora 44 anos.
O ex-marido de Marta e deputado estadual por São Paulo, Eduardo Suplicy (PT), defende que haja uma disputa prévia no partido para definir o vice de Boulos e defende o nome da vereadora Luna Zarattini para concorrer. No entanto, as chances de que isso ocorra é avaliada como baixa por membros da legenda.
Marta Suplicy foi prefeita de São Paulo, deputada federal e ministra dos governos Lula e Dilma Rousseff. No entanto, como senadora pelo MDB, votou à favor do impeachment de Dilma e afirmou, no auge da Operação Lava Jato, que o PT protagonizou “um dos maiores escândalos de corrupção da nação brasileira”, episódios que levam uma ala do partido a rejeitar a escolha de Lula.