O último debate entre os candidatos à presidência da Argentina, neste domingo (12), a uma semana do segundo turno, teve um claro vencedor, de acordo com analistas da imprensa progressista ou conservadora: o governista Sergio Massa, ministro da Economia do governo impopular do presidente Alberto Fernández.
Os jornalistas usaram termos esportivos para classificar a vitória inquestionável do peronista ante o hesitante autoproclamado “libertário”. “Massa colocou Milei nas cordas na última rodada antes do segundo turno (que os argentinos chamam de balotage)”, crava o jornal Página12, de esquerda em texto assinado por Melisa Molina.
Segundo o jornalista e acadêmico Eduardo Aliverti, no mesmo diário, “o sentimento generalizado na noite deste domingo (em redes sociais, fóruns e, notadamente, na própria mídia da oposição) é que Sergio Massa foi o vencedor indiscutível e inapelável”, escreveu. “O candidato da Unión por la Patria venceu por goleada”, disse ainda.
O conservador El Clarín, por sua vez, destacou que o debate teve poucas propostas de ambos os lados e o maior tempo foi de “críticas” de parte a parte. O duelo, anotou o periódico, “deixou a sensação de que Massa, que venceu as eleições gerais por seis pontos sobre Milei (no primeiro turno), levou vantagem especialmente pelo papel passivo” do extremista de direita, que, segundo o Clarín, “quase nunca” falou da “crise deixada pelo atual governo”.
Relações internacionais
No trecho em que o tema foi relações internacionais, Massa lembrou afirmações irracionais de Milei, segundo o qual o papa Francisco é representante do “Mal” e o Mercosul é pernicioso a seu país. “Devemos ser multipolares e ter relações com todos os países”, afirmou Massa. “Este homem tratou o Papa como um representante do maligno. Vamos trabalhar para que o Papa visite a Argentina”, disse.
Sobre o bloco econômico regional, o governista declarou que o “colapso do Mercosul” deixaria 2 milhões de desempregados. “O que vocês não querem dizer às pessoas é que por preconceito ideológico vão deixar dois milhões de argentinos sem trabalho”, acrescentou, para reforçar junto ao eleitorado as ameaças de Milei ao bloco sul-americano. Segundo Massa, o “colapso” do Mercosul e da relação com o Brasil e a China podem atingir 2 milhões de argentinos, além de impactar a economia do país em 28 bilhões de dólares.
“A política externa não pode ser governada por caprichos”, disse o peronista. Já Milei comentou as relações com a China – que o extremista ataca de maneira muito semelhante a Jair Bolsonaro – dizendo de maneira simplista que “se você não exporta para a China, você exporta para outra pessoa”.
Uma pesquisa AtlasIntel divulgada antes do debate, na sexta-feira (10), apontou Javier Milei na liderança das intenções de votos úteis do segundo turno, com 52,1%. Sergio Massa aparece com 47,9%.
Direita sul-americana apoia Milei
Ex-líderes de direita e extrema-direita declararam apoio à candidatura de Javier Milei neste domingo. O documento é assinado pelo ex-presidente da própria Argentina Mauricio Macri, responsável pelo acordo com o FMI que hoje estrangula a economia do país.
O manifesto é assinado ainda por outras personalistas direitistas, como Vicente Fox (ex-presidente do México de 2000 a 2006), Andrés Pastrana (ex-presidente da Colômbia de 1998-2002), Mariano Rajoy (ex-presidente do Governo da Espanha de 2011 a 2018), Sebastián Piñera (ex-presidente do Chile de 2018-2022) e o escritor peruano Mario Vargas Llosa, conhecido por sua posição política reacionária.