Depois da cassação do “imbrochável” os valentões bolsonaristas estão com medo de punições da Justiça Eleitoral
Depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por abuso de poder político e uso da estrutura do Estado para atacar o sistema eleitoral, tornando-o inelegível por 8 anos, uma série de parlamentares bolsonaristas correu para deletar vídeos com conteúdo semelhante no YouTube.
A presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) debochou da atitude de Gustavo Gayer e afirmou que o bolsonarista está com medo de ser cassado.
“Depois que Bolsonaro ficou inelegível por não respeitar a democracia, os bolsonaristas começaram a tremer na base e tentar encobrir seus ataques à Justiça Eleitoral. Gustavo Gayer, deputado racista que afirmou que na África a população não tem o “mínimo de capacidade cognitiva”, é um deles e removeu mais de 200 vídeos do YouTube nos quais atenta contra as urnas, os magistrados e a justiça. Essa gente só sabe atacar e agora estão com medo das consequências. Que siga o mesmo rumo do chefe”, disse Gleisi Hoffmann.
Vídeos deletados
De acordo com um levantamento da empresa de análise de dados Novelo Data, o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) e outros bolsonaristas deletaram vídeos no YouTube nos quais atacam a lisura das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral como um todo.
Gustavo Gayer está sendo investigado pelo TSE por ataques às urnas eletrônicas, em uma ação movida pela coligação do presidente Lula (PT). Se condenado, Gayer pode perder o mandato e ficar inelegível.
Segundo o levantamento da Novelo Data, o deputado Gustavo Gayer deletou mais de 200 vídeos de seu perfil no YouTube na última sexta-feira (30), quando o ex-presidente Bolsonaro foi condenado pelo TSE.
AGU denuncia Gayer na PGR com notícia-crime por fala contra africanos
O governo Lula, através da Advocacia-Geral da União (AGU), protocolou junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), nesta segunda-feira (3), uma notícia-crime para que o deputado federal bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) seja investigado no âmbito criminal por conta de declarações racistas contra a população de países africanos.
“Aí você vai ver na África: quase todos os países são ditaduras. Quase tudo lá é ditadura. Democracia não prospera na África. Por quê? Para você ter democracia, é preciso ter o mínimo de capacidade cognitiva para entender o bom e o ruim, o certo e o errado. Tentaram fazer democracia na África várias vezes. O que acontece? Um ditador toma tudo e o povo [simula aplausos]. O Brasil está desse jeito. O Lula chegou à presidência e o povo burro: ‘êeee, picanha, cerveja!'”, disparou ainda.
Segundo a AGU, as declarações de Gayer, que chegou em meio à repercussão do caso a atacar o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, se enquadram no crime previsto no art. 20 da Lei nº 7.716/19 (Lei do Crime Racial), qual seja: “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
“A manifestação é claramente discriminatória, pois diferencia a capacidade cognitiva de seres humanos considerando a origem africana, continente em que sabidamente a maioria da população é negra, concluindo que não teriam aptidão para compreender regime democrático”, diz um trecho da notícia-crime protocolada na PGR.
O órgão destaca ainda no documento que a imunidade parlamentar é fundamental para a atividade parlamentar e a própria democracia, mas ressalta que, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), para que seja reconhecida a prerrogativa, é necessário o evidente nexo causal entre as palavras, opiniões e manifestações e a atividade parlamentar – o que não ocorre no caso.
“As declarações feitas não guardam qualquer correlação com a atividade parlamentar, tendo sido proferidas em entrevista concedida a podcast, cujo tema discutido, além de preconceituoso e discriminatório, não possuía pertinência com a atividade legislativa, nem com qualquer outra atribuição da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional, nos termos do art. 48, 49 e 51 da CRFB”, afirma a AGU, que requer abertura de investigação criminal contra Gayer.
Com informações da Revista Fórum e Brasil247