O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) declarou em sua conta no Twitter, neste domingo (16), que deixará de administrar as redes sociais de Jair Bolsonaro, seu pai. “Após mais de uma década à frente e ter criado as redes sociais de @jairbolsonaro, informo que muito em breve chegará o fim deste ciclo de vida VOLUNTARIADO”, postou o parlamentar, também conhecido como “Zero 2” e “Carluxo”.
“Pessoas ruins se dizem as tais e ganham muito com o suor dos outros que trabalham de verdade e isso não é excessão (sic) aqui”, continuou (mantida grafia original). Carlos é considerado responsável pela criação e coordenação das redes sociais de Bolsonaro. Portanto, seria quem sempre comandou o chamado “gabinete do ódio”, que dissemina desinformação e fake news.
As postagens são significativas porque, pela primeira vez, o vereador admite publicamente que era o responsável pelas redes sociais do ex-presidente. “Não acredito mais no que me trouxe até aqui”, escreveu ele ainda.
O anúncio de Carluxo, como o “filho 02” também é conhecido foi feita após seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro aunciar que não será candidato à reeleição em 2026, e anunciar que irá apoiar a eleição da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ao Senado. Carlos Bolsonário é notório desafeto de sua madastra.
Bolsonaro tem dito que quer “liderar a oposição” no Senado. E para isso conta também com a candidatura da esposa, Michelle Bolsonaro, provavalmente por Brasília. O ex-presidente já teria vetado que a ex-primeira-dama dispute quaisquer eleições para cargos executivos para não se tornar, assim como ele, alvo da Justiça.
Carluxo também demonstra mágoa pela forma como tem sido tratado desde que o pai não conseguiu ser reeleito, no ano passado. “Difícil ficar sozinho anos e ser tratado de modo que nem um rato mereceria. Anos de muita satisfação pessoal e tenho certeza que de muita valia para pessoas boas e também às mais ingratas e sonsas.”
Em outubro de 2022, antes do segundo turno das eleições presidenciais, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatou uma ação do PT contra o chamado “ecossistema de fake news”, que seria supostamente comandado por Carlos. Ele também ordenou que quatro canais bolsonaristas suspeitos de divulgar fake news fossem desmonetizados até o dia 31 de outubro.
“O que se mostra preocupante é que essas pessoas jurídicas, ao produzirem conteúdo ideologicamente formatado para endossar o discurso do candidato que apoiam, têm se valido por reiteradas vezes de notícias falsas prejudiciais ao candidato Lula, com significativa repercussão e efeitos persistentes mesmo após a remoção de URLs”, afirmou o magistrado.
STF e CGU
Em fevereiro, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que voltasse a julgar Carlos Bolsonaro por difamar o Psol em suas redes sociais. Gilmar anulou decisões que inocentaram o “02”. O ministro do STF mandou a primeira instância da Justiça fluminense voltar a avaliar a acusação de difamação.
O vereador relacionou o ex-deputado federal Jean Wyllys a Adélio Bispo, o homem que supostamente esfaqueou o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro na campanha de 2018.
Na semana passada, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a Controladoria Geral da União (CGU) decidiu rever decisões do governo Bolsonaro e determinar a liberação da lista de pessoas que visitaram o Palácio do Planalto durante o governo passado. Entrada e saída no Palácio da Alvorada, incluindo os filhos Carlos, o deputado Eduardo (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fazem parte do processo.