A Ucrânia informou, nesta terça-feira (11/3), que apoia o cessar-fogo de 30 dias na guerra com a Rússia proposto pelos Estados Unidos. O governo americano, em contrapartida, aceitou retirar "imediatamente" restrições que tinha estabelecido para ajuda militar e compartilhamento de dados de inteligência com o país europeu, com o qual deve selar acordo para exploração de recursos minerais "o mais rápido possível". A decisão conjunta foi tomada após reunião na Arábia Saudita, de acordo com informações da agência de notícias France-Presse.
"A Ucrânia declarou estar disposta a aceitar a proposta americana de instaurar um cessar-fogo imediato e provisório de 30 dias, que pode ser prorrogado por mútuo acordo e que está sujeito à aceitação e implementação simultânea pela Federação Russa", afirma o comunicado divulgado pelas partes. "Os Estados Unidos explicarão à Rússia que a reciprocidade russa é a chave para a paz."
Os EUA se comprometeram também a retirar "imediatamente a suspensão sobre o compartilhamento de relatórios de inteligência" e retomar "a ajuda para a segurança da Ucrânia".
Nas redes sociais, o presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, afirmou que o país comandado por Donald Trump "deve convencer a Rússia" a aceitar o cessar-fogo e disse que a Ucrânia está disposta a "a adotar uma medida como essa".
De acordo com a AFP, a discussão entre autoridades ucranianas e americanas — primeira após desentendimento entre Trump e Zelensky em 28 de fevereiro — começou pela manhã, quando durou pouco mais de três horas. Depois de intervalo, os diálogos foram retomados pela tarde e culminaram no acordo bilateral. Para a Casa Branca, as negociações teriam sido "positivas" e "produtivas".
"As notícias que recebemos dessa reunião ao longo do dia, e que foram informadas ao presidente, são positivas", declarou à imprensa a porta-voz Karoline Leavitt.
Zelensky também definiu a proposta de trégua como "positiva" e disse que os Estados Unidos "entendem" argumentos e propostas ucranianos, além de agradecer Trump pela "conversa construtiva" entre equipes dos dois países. "A Ucrânia está pronta para a paz. A Rússia deve demonstrar se está disposta a pôr fim à guerra ou a continuá-la."
Ao entrar na sala de negociações, o chefe de gabinete da presidência ucraniana também havia dito a jornalistas que o país estava "pronto para fazer todo o possível para a alcançar a paz". O porta-voz da Rússia, por sua vez, disse que dependia da Ucrânia demonstrar que estava pronta para chegar à paz, ecoando fala de Trump em fevereiro. No desentendimento entre o presidente americano e Zelensky no mês passado, o governante dos EUA havia dito que o líder ucraniano poderia voltar à Casa Branca quando estivesse "preparado para a paz".
Na ocasião, o encontro havia terminado sem a assinatura do acordo que daria aos Estados Unidos acesso a minerais raros ucranianos, bem como com a eliminação da possibilidade de participação ucraniana na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Pouco tempo depois, o presidente americano também suspendeu assistência militar e o compartilhamento de dados de inteligência com Kiev, que eram vitais para o país europeu, e iniciou aproximação com a Rússia.
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A reunião desta terça (11/3) ocorre poucas horas após o maior ataque de drones da Ucrânia contra a o território russo desde o início do conflito, há mais de três anos. A ofensiva, porém, teria sido um fracasso, de acordo com autoridades do país comandado por Vladimir Putin.
Mais cedo, um alto funcionário ucraniano havia confirmado à AFP que as negociações se desenvolviam "com normalidade" e que "muitos assuntos" haviam sido abordados. Os negociadores do país europeu propuseram trégua "aérea e marítima" com a Rússia em troca do apoio militar e de inteligência americano.