O bilionário Elon Musk ocupa o lugar de Donald Trump na cadeira mais importante dos Estados Unidos, em montagem que estampa a capa da próxima edição da revista norte-americana Time, publicada nesta sexta-feira (7/2). A publicação critica o “poder irrestrito” que o dono da Tesla, que não foi eleito pelo povo, disporia no governo do republicano.
De acordo com a reportagem principal, no último sábado (1º/2), menos de três semanas depois da posse de Trump, homens que trabalham para Musk no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) exigiram acesso total à sede da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Segundo a revista, a situação foi controlada pela equipe do órgão no momento, mas “talvez nenhuma outra cena tenha revelado mais claramente as forças que estavam remodelando o governo americano”.
No X, depois de ser informado sobre o “problema”, o magnata escreveu que “a USAID é uma organização criminosa” e disse que era “hora de morrer” para ela. No dia seguinte, a agência humanitária — cujo objetivo é combater fome e doenças e levar água limpa ao resto do mundo — praticamente parou de funcionar: servidores foram colocados em licença e escritórios em outros países foram fechados.
Funcionários temporários sem estatuto ou autoridade legal clara, o poder desses homens do DOGE, diz a Time, “deriva de Musk, a pessoa mais rica do planeta, que foi nomeado para desmantelar vastas faixas da burocracia federal — cortando orçamentos, destruindo o serviço público e privando agências independentes da capacidade de impedir os objetivos do presidente”.
De acordo com a publicação, o desmantelamento da agência humanitária foi como um aviso para outros departamentos governamentais. O DOGE está em mais órgãos, como o US Digital Service e o Tesouro americano — de onde um funcionário foi forçado a se aposentar após se recusar a dar acesso ao sistema de pagamento federal do país.
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“Musk mostrou que não tolerará nenhuma oposição, não importa quão justificada”, informa a reportagem. “Nenhum cidadão privado, certamente nenhum cujas riqueza e rede de negócios estejam diretamente sujeitas à supervisão de autoridades federais, exerceu tal poder sobre a máquina do governo dos EUA. Até agora, Musk parece não prestar contas a ninguém, exceto ao presidente Trump, que deu ao benfeitor de campanha um mandato abrangente para alinhar o governo com a própria agenda.”
Em 28 de janeiro, milhões de servidores públicos receberam um e-mail oferecendo oito meses de salário em troca de uma renúncia — algo semelhante ao que fez o dono do X com os funcionários do antigo Twitter antes de assumir o comando da plataforma. A Time prenuncia, portanto, uma “grande onda antigovernamental”: orçamentos hackeados, programas cancelados, servidores demitidos e substituídos por nomeados fiéis ao presidente e ao “primeiro-companheiro” dele.
A revista alerta para “os perigos de um homem não eleito possuir tal poder irrestrito”. Um senador democrata disse, na última segunda-feira (3/2), que os Estados Unidos não têm “um quarto poder chamado Elon Musk” .
Na terça (4/2), Trump disse a jornalistas no Salão Oval que “Elon não pode fazer, e não fará, nada” sem a aprovação dele. “Daremos a ele a aprovação quando apropriado. Quando não for apropriado, não o faremos.” À Time, porém, a Casa Branca não se pronunciou sobre o Departamento de Eficiência Governamental aparentemente controlado pelo bilionário.