O grupo extremista islâmico palestino Hamas se disse "disposto" a aceitar um acordo de trégua na Faixa de Gaza e exortou o republicano Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, a pressionar Israel para que ponha fim aos combates. "O Hamas está disposto a alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, caso uma proposta seja apresentada e com a condição de que (Israel) a respeite", declarou à agência France-Presse Basem Naim, chefe do escritório político do Hamas.
Naim pediu a Trump, que assumirá o poder em 20 de janeiro, que convença o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, "a interromper a agressão" em Gaza. "O Hamas informou aos mediadores que é favorável a qualquer proposta que leve a um cessar-fogo definitivo e à retirada militar da Faixa de Gaza, permitindo o retorno dos deslocados, um acordo sério para a troca de prisioneiros, a entrada de ajuda humanitária e a reconstrução (do território)", acrescentou Naim.
Aaron David Miller, especialista em Oriente Médio do Woodrow Wilson International Center (em Washington), descarta que o pedido do Hamas a Trump surtirá qualquer efeito. "Se houver progresso, será no front norte (fronteira com o Líbano). Os EUA estão envolvidos no rascunho de um documento que contempla a maior parte das queixas de Israel. Se o Hezbollah concordará ou não, é incerto. No Líbano, os israelenses conquistaram muito do que queriam fazer", explicou ao Correio.
De acordo com Miller, um acordo em Gaza exigiria decisões de Netanyahu que poderiam levar o governo ao colapso. "Netanyahu concorda com operações no norte de Gaza. As Forças de Defesa de Israel (IDF) não têm a intenção de abandonar o território. As chances de um acordo em Gaza, antes ou durante o governo de Trump são bem pequenas", afirmou.