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Biden e Trump têm encontro cordial e acenam com transição suave

Presidente Joe Biden recebe o sucessor, Donald Trump, na Casa Branca, e promete cooperar para facilitar o trabalho do novo governo.

Publicada em 14/11/24 às 06:40h - 9 visualizações

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Biden e Trump têm encontro cordial e acenam com transição suave
 (Foto: Rádio Rir Brasil - Itapuranga-Goias : Direção: Ronaldo Castro - 62 9 9 6 0 8-5 6 9 5 )
Trump e Biden trocam aperto de mãos, no Salão Oval da Casa Branca: largada para a transferência de poder - (crédito: Saul Loeb/AFP)

O aperto de mãos deveria ter ocorrido 1.394 dias atrás, durante a solenidade de posse, nas escadarias do Capitólio. O cumprimento veio nesta quarta-feira (13/11), durante um encontro, na Casa Branca, entre o presidente democrata Joe Biden e seu sucessor, o republicano Donald Trump. "Bem-vindo de volta, disse Biden, em tom cordial. Os dois prometeram uma transição suave em 20 de janeiro de 2025. Antes da reunião no Salão Oval, Trump visitou o Capitólio e, em conversa com deputados republicanos, insinuou o desejo de concorrer a um terceiro mandato, algo proibido pela 22ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos. "Suspeito que não voltarei a me candidatar a menos que vocês digam: 'Ele é bom, temos que fazer outra coisa'", brincou Trump. Os congressistas que testemunharam a cena minimizaram o incidente e o trataram como "brincadeira".

Biden e Trump estavam acompanhados por seus respectivos chefes de gabinete: Jeff Zients e Susie Wiles. "Faremos tudo o que pudermos para garantir que você esteja acomodado, que tenha o que precisar", disse o atual presidente ao republicano. "A política é dura e, em muitos casos, não é um mundo muito agradável. Hoje é um mundo agradável, e eu aprecio muito isso — uma transição tão suave quanto pudermos", respondeu Trump, que será o novo inquilino da Casa Branca em 69 dias. 

Alguns bastidores da reunião foram revelados por assessores de Biden. A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, contou que Trump chegou com "uma lista de perguntas detalhadas". O presidente (Biden) enfatizou que "o apoio contínuo dos Estados Unidos à Ucrânia beneficia a segurança nacional", afirmou, por sua vez, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional de Biden. Na tarde de ontem, os republicanos confirmaram o controle de todo o Congresso americano, depois de conquistarem a maioria da Câmara dos Representantes. 

Horas depois da reunião, Trump divulgou mais nomes para compor o gabinete. O congressista republicano Matt Gaetz foi confirmado como procurador-geral dos Estados Unidos. "Poucas questões nos Estados Unidos são mais importantes do que acabar com a partidarização do nosso sistema judicial," escreveu Trump nas redes sociais. "Matt vai acabar com o governo partidário... e restaurar a fé e confiança dos americanos, que foram profundamente abaladas, no Departamento de Justiça."

O senador Marco Rubio foi formalmente anunciado para comandar o Departamento de Estado americano. Rubio é "uma voz muito poderosa para a liberdade" e "um guerreiro destemido que nunca recuará diante de nossos adversários", declarou Trump sobre o novo secretário de Estado. Filho de imigrantes cubanos, o novo chefe da diplomacia de Washington afirmou que trabalhará com Trump "todos os dias para implementar sua agenda de política externa". "Sob a liderança do presidente Trump, traremos a paz através da força e sempre colocaremos os interesses dos americanos e dos Estados Unidos acima de tudo", acrescentou. A pasta da Inteligência Nacional ficará sob a batuta da ex-congressista democrata Tulsi Gabbard, que tornou-se simpatizante de Trump.

"Professor emérito de direito constitucional na Universidade de Harvard, Laurence H. Tribe classificou de "ridícula" a menção de Trump a um terceiro mandato. "Ao contrário das Constituições cuja linguagem é tratada como puramente aspiracional ou sugestiva, a dos Estados Unidos é obrigatória. A Carta Magna proíbe, especificamente, um terceiro mandato para o presidente", explicou ao Correio

Alex Keyssar, professor de história e política social da Universidade de Harvard, aposta em uma transição suave entre os governos Biden e Trump, mas prevê "solavancos" inevitáveis. Ele disse à reportagem que a noção de Trump concorrer novamente em 2008 é uma "fantasia". "Isso não ocorrerá. O presidente eleito não conseguiria as super maiorias exigidas para modificar a Constituição. Acho que é apenas uma fantasia relacionada ao medo de se transformar em um presidente pato manco — mais uma figura simbólica, sem poderes reais", acrescentou. Keyssar explicou que a alteração da Constituição dependeria da aprovação de dois terços de ambas Casas do Congresso (Senado e Câmara dos Representantes) e de três quartos dos governadores. 

De acordo com Bruce Ackerman, professor de direito e de ciência política Universidade Yale, quando George Washington se recusou a concorrer a um terceiro mandato, em 1796, estabeleceu um precedente respeitado por todos os sucessores, até que Franklin Delano Roosevelt rejeitou a medida e concorreu à Presidência por quatro ocasiões consecutivas, vencendo cada uma dessas eleições até morrer no cargo, em 1945. "Apesar da extraordinária popularidade de Roosevelt, a Constituição foi rapidamente revisada para proibir qualquer presidente de seguir seu exemplo. A 22ª Emenda prevê explicitamente: 'Nenhuma pessoa será eleita para o cargo de presidente  por mais de duas vezes'. O texto foi promulgado na Constituição na época em que Dwight Eisenhower assumiu o cargo, em 1952", afirmou, por e-mail. Ele entende que o convite de Trump aos congressistas republicanos para "fazerem algo", a fim de que ele concorra novamente, é absurdo. 

Ainda segundo Ackerman, os democratas deixaram claro que respeitam a decisão dos eleitores de Trump, em 5 de novembro passado. "Isso sinaliza para uma transição direta, em 20 de janeiro. "As crises somente virão depois, quando Trump se envolver em ações claramente inconstitucionais", advertiu. 

Ucrânia

Professor de política comparativa da Universidade Nacional de Kiev-Mohyla, Olexyi Haran lembrou ao Correio que, durante a campanha eleitoral, Trump deu declarações contraditórias sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. "Especialistas têm falado sobre a imprevisibilidade do presidente eleito em relação à Ucrânia, à China e ao Irã. Nós esperávamos que Nikki Haley (ex-embaixadora dos EUA na ONU) e Mike Pompeo (ex-secretário de Estado), ambos pró-Kiev, estivessem no governo Trump, mas não foram escolhidos para o gabinete. Mike Waltz, o novo conselheiro de Segurança Nacional, e Marco Rubio, cotado para ser o secretário de Estado, são simpáticos à Ucrânia e têm uma retórica dura contra a Rússia. No entanto, ajudaram a bloquear pacotes de ajuda para Kiev, por entenderem que a prioridade deve ser a segurança nas fronteiras", explicou. 

Haran teme que qualquer cessar-fogo mediado pelo governo Trump ajude as forças russas a se reagrupar para um contra-ataque. "Para nós, é muito importante não reduzir o apoio militar à Ucrânia, mas aumentá-lo. Quase todas as noites sofremos ataques de drones e de aviões russos. É difícil prever o que Trump irá propor sobre a guerra. As nomeações para o gabinete parecem mais ou menos adequadas para o que a Ucrânia precisa, mas temos que aguardar." 

NOVAS NOMEAÇÕES

Departamento de Justiça




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