Um vídeo que mostraria como a Cordilheira dos Andes protege o Brasil de furacões viralizou nas redes sociais nas últimas semanas. A informação, que deixou muitos internautas curiosos, contudo, é falsa. O Correio conversou com Rafael Rodrigues, do Instituto de Geociências (IG) e do Observatório Sismológico (SIS) da Universidade de Brasília (UnB), para esclarecer o que de fato impede a formação de furacões no país — spoiler: não é a Cordilheira dos Andes.
O geólogo esclarece que "tufão" é a nomenclatura correta para o evento formado no oceano Pacífico, enquanto "furacão" é utilizado para se referir aos que se formam no Atlântico. Ambos os termos se referem ao mesmo fenômeno (tempestades causadas por perturbações na atmosfera), mas originados em regiões diferentes.
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"Os furacões são centros de baixa pressão atmosférica que se formam nos oceanos da Terra", explica o geólogo. "Mas um requisito importante para isso é a temperatura da superfície do mar. Furacões não se organizam em oceanos frios (como é o caso do Pacífico), somente em águas quentes."
Rodrigues explica que o oceano Pacífico é frio, principalmente na área ao longo da costa oeste da América do Sul, onde está, também, a Cordilheira dos Andes. Mesmo os pontos perto da Linha do Equador, a temperatura da água varia entre 20 e 22ºC, impedindo que a formação dos furacões. "Até porque, também nessa região, temos um sistema de alta pressão que inibe a formação desse tipo de sistema", continua. "Mesmo que não tivesse esse 'anti-ciclone' (o sistema de alta pressão), o fato da água ser muito gelada impediria o surgimento de furacões ali. Então, a Cordilheira dos Andes não tem papel nenhum nisso", pontua.
No caso do oceano Atlântico, há sim a predominação de correntes mais quentes, como a do Brasil. Mas a temperatura das águas brasileiras ainda estão distantes das registradas em zonas críticas — como a temperatura que resultou na formação do furacão Milton, no México, que estava cerca de 31,5ºC.
*Estagiário sob a supervisão de Ronayre Nunes