Publicitário fez história com propagandas da Bombril, Valisere e pôs Maluf e Brizola na tela usando o sapato 752 da Vulcabrás
Washington Olivetto, um dos mais influentes publicitários do Brasil, faleceu neste domingo (13), às 17h15, aos 73 anos, após complicações pulmonares que resultaram em falência múltipla de órgãos. Conhecido por sua habilidade em seduzir e provocar, Olivetto deixou um legado marcante na publicidade brasileira e mundial.
Ele sempre se destacou por seu prazer em contar sua história e celebrar suas conquistas, sendo reconhecido como um ícone da publicidade, acumulando mais de 50 Leões no Festival de Cannes e se tornando o único latino-americano a receber um Clio em 2001.
Internado por quase cinco meses no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, Washington enfrentou desafios de saúde significativos antes de sua morte.
Desde o início de sua carreira em 1969, quando entrou na publicidade de forma inusitada após um pneu furado, Olivetto se destacou rapidamente, conquistando seu primeiro prêmio em Cannes apenas três meses após iniciar na HGP.
Com o passar dos anos, ele se tornou uma figura proeminente no setor, estabelecendo-se na DPZ e criando campanhas memoráveis que moldaram a história da propaganda no Brasil.
Corinthiano, participou de um dos momentos mais importantes do clube mais popular do Brasil: a Democracia Corinthiana, um movimento surgido na década de 1980 liderado por Sócrates, Wladimir, Casagrande e Zenon. Constituiu o maior movimento ideológico da história do futebol brasileiro.
O publicitário valorizava a literatura e a comunicação, o que influenciou sua carreira. Ele era um voraz leitor e, apesar de não ter terminado a faculdade, uniu sua paixão pelas letras com o desejo de vender.
Ao longo de sua trajetória, ele trabalhou em várias agências, incluindo a W/Brasil, e criou campanhas icônicas para marcas como Cofap e Unibanco, além de ser lembrado pelo famoso garoto Bombril, interpretado por Carlos Moreno por mais de 25 anos.
Apesar de seu sucesso, Olivetto também enfrentou desafios pessoais, como o sequestro que sofreu em 2001, onde passou 53 dias confinado em condições adversas.
Ele sempre evitou falar do assunto em profundidade, preferindo manter a experiência como um episódio isolado em sua vida. Além de suas contribuições para a publicidade, também deixou um legado literário, com várias biografias que detalham suas experiências e reflexões sobre a vida e a carreira.
Em sua vida pessoal, Washington era conhecido como um bon vivant, apreciando tanto a gastronomia popular quanto a sofisticada, e mantinha um forte amor pelo Corinthians, clube do qual foi vice-presidente de marketing. Sua veia literária o levou a escrever sobre suas paixões, incluindo seu time do coração e suas experiências de vida, sendo reconhecido por sua sinceridade e humor nas crônicas que publicou em diversos meios de comunicação.
Olivetto era um defensor da autenticidade e não gostava de modismos, como o uso excessivo de anglicismos. Em suas últimas publicações, ele continuou a se expressar de forma relevante, abordando temas variados com um olhar crítico.
Sua última coluna no jornal O Globo foi publicada em 17 de junho de 2024, poucos dias antes de sua internação. Washington Olivetto deixa um legado inestimável, marcado por sua criatividade, humor e paixão pela comunicação, que continuará a inspirar futuras gerações de publicitários e profissionais de comunicação.
Veja algumas propagandas de Olivetto: