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O paradoxo de Lula: o democrata que odeia ditadores de direita e ama ditadores de esquerda

O PT do presidente ataca o Nicolás Maduro verde-amarelo, Jair Bolsonaro, mas defende o Bolsonaro de esquerda na Venezuela

Publicada em 05/08/24 às 09:44h - 9 visualizações

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O paradoxo de Lula: o democrata que odeia ditadores de direita e ama ditadores de esquerda
 (Foto: Rádio Rir Brasil - Itapuranga-Goias : Direção: Ronaldo Castro - 62 9 9 6 0 8-5 6 9 5 )

“Enquanto neste mundo houver herdeiros de Stálin,/ para mim,/ no Mausoléu,/ Stálin ainda resiste”. — Trecho final do poema “Os herdeiros de Stálin”, do poeta russo Ievguêni Ievtuchenko. (Tradução de Haroldo de Campos).

O georgiano Ióssif Stálin governou a União Soviética de 1924 a 1953 — quase 30 anos. A ditadura era cruenta: cerca de 30 milhões de indivíduos foram mortos, de maneiras diversas — inclusive pela fome, como na Ucrânia, na década de 1930. A liberdade de dizer o que se pensava e de circular era mais rara do que alimentos. Por qualquer motivo, e mesmo sem motivo — inventava-se (“atos terroristas”, por exemplo) e a “Justiça” acatava —, o regime encarcerava, enviava para o Gulag ou assassinava.

As denúncias sobre as ações do sistema totalitário da União Soviética começaram cedo. Mas a esquerda de todo o mundo — e não só a comunista — passou pano para Stálin e para a ditadura forjada pelo leninismo (o stalinismo engatilhado) de Vladimir Lênin e azeitada pelo stalinismo (o leninismo atirando) de Stálin.

A esquerda global dizia mais ou menos assim: “Ah, sim, estão matando fascistas na União Soviética. Porque estão tentando impedir a construção do socialismo”. Kamenev, Zinoviev, Mandelstam, Bábel, Bukhárin, Kirov e Trótski (por sinal, ucraniano; foi assassinado no México, em 1940, por um agente de Stálin — o espanhol Ramón Mercader) eram de esquerda e nenhum era fascista. Todos foram devorados pela revolução leninista-stalinista.

Lênin e Stálin: artífices de um dos sistemas repressivos mais brutais do século 20 | Foto: Reprodução

Num livro excelente, “Passado Imperfeito — Um Olhar Crítico Sobre A Intelectualidade Francesa no Pós-Guerra” (Nova Fronteira, 475 páginas, tradução de Luciana Persice Nogueira), o historiador inglês Tony Judt mostra a desfaçatez da esquerda francesa, com o filósofo Jean-Paul Sartre na comissão de frente, em relação à barbárie perpetrada por Stálin e acólitos. Numa resposta a Albert Camus, Sartre disse sobre o Gulag (o campo de concentração do socialismo soviético): “Nós podemos ficar indignados ou horrorizados diante da existência desses campos; nós podemos até ficar obcecados por eles, mas por que eles deveriam nos constranger?” (o trecho está na página 163)

Na China de Mao Tsé-tung, os comunistas mataram cerca de 70 milhões de pessoas. A esquerda silenciou-se? Parte substancial sim. Dizia-se: “Os fins (o socialismo) justificam os meios” (a violência, os assassinatos). O filósofo italiano Norberto Bobbio talvez tenha a melhor resposta: “Os meios corrompem os fins”.

O socialismo — ou comunismo — não criou uma sociedade (de todos) iguais. Pelo contrário, produziu uma sociedade de “pobres” e com uma elite que sempre viveu no luxo. Em Cuba, enquanto o povo passava (ainda passa) fome, Fidel Castro e sequazes circulavam em automóveis europeus, como Mercedes, e em iate. No Camboja de Pol Pot, que planejou zerar a história, um indivíduo podia ser preso por usar óculos. Nos tempos da Revolução Cultural na China (uma radicalização da ditadura) ter um piano era símbolo de ser burguês, portanto, passível de condenação.

Jean-Paul Sartre, filósofo francês, e Simone de Beauvoir, filósofa e escritora francesa, com Fidel Castro: “passando” pano para o ditador de Cuba | Foto: Reprodução

Abolir a democracia para construir o socialismo não deu bons resultados em nenhum país. Exceto na China e em Cuba, cujas ditaduras já têm 75 e 65 anos, os demais regimes comunistas caíram — inclusive o principal, na União Soviética, sob Mikhail Gorbachev.

Lula da Silva e Nicolás Maduro: tudo a ver

A esquerda brasileira sempre apoiou ditadores — Lênin, Stálin, Mao Tsé-tung e Fidel Castro — e, sempre que necessário, justificou-os. Luiz Carlos Prestes, do PCB, passou anos defendendo a União Soviética. João Amazonas, do PC do B, defendeu a União Soviética de Stálin (e, com a morte deste, passou a criticar o país, sugerindo que era reformista e não socialista), China e Albânia (de Enver Hoxha).

Ao contrário do que a direita diz, por mero combate político-ideológico, o PT não é comunista. O Partido dos Trabalhadores é de esquerda mas não propugna pela revolução comunista.

Há socialistas (que não são necessariamente comunistas, no sentido clássico) no PT. Mas prevalece no partido a corrente política ligada ao presidente Lula da Silva, que, a rigor, está mais próxima da socialdemocracia europeia.

Lula da Silva não defende a revolução de esquerda, a implantação da “ditadura do proletariado” — ao menos não no Brasil. Trata-se de um político democrático e, sim, um dos maiores defensores do capitalismo. Os três governos do petista-chefe financiaram capitalistas brasileiros — que não têm do que reclamar. A política econômica das gestões petistas, ao sugerir a criação de campeões nacionais — num nacionalismo típico de Leonel Brizola (do qual Lula da Silva é o principal herdeiro) —, beneficiou à larga o empresariado patropi.

Edmundo Gonzáles Urrutia e María Corina Machado: luta contra a ditadura chavista | Foto: Reprodução

Entretanto, se não opera pela implantação do socialismo no Brasil — as preocupações com as desigualdades sociais por parte do governo petista estão nos limites da sociedade capitalista (a pátria-mãe do capitalismo, a Inglaterra, tem um estado do bem-estar social avançado e o liberalismo de lá faz ajustes, mas não o desmonta) —, Lula da Silva demonstra um amor estranho, muito estranho, por três ditaduras.

Lula da Silva e o PT articulam, há anos, com as ditaduras de Cuba (com os Castro e, agora, com Miguel Díaz-Canel), da Venezuela (Hugo Chávez e Nicolás Maduro) e Nicarágua (Daniel Ortega).

Como explicar o que se pode nominar de “paradoxo de Lula”: um democrata que apoia ditaduras? Não se sabe exatamente a razão deste amor. Talvez tenha a ver menos com Lula da Silva e mais com seu entorno.

Durante a ditadura, o MDB reuniu uma frente de esquerda que incluía os comunistas do PCB e do PC do B e os socialistas que, mais tarde, agruparam-se no PT. O MDB era, portanto, uma frente política.

O PT tornou-se também uma frente política, mas só com militares e líderes da esquerda. Então, há no partido desde socialistas (alguns mais radicalizados) até socialdemocratas. Há comunistas no partido? É possível. Porém, se houver, não tem força alguma. A corrente majoritária, a que define a linha partidária, não é comunista e, mesmo sendo de esquerda, é moderada.

As correntes mais radicais (e nem são tão radicais assim), se não controlam a linha partidária, em assuntos internacionais, na solidariedade aos aliados — os amigos de esquerda, os parceiros de caminhada —, tencionam e, de alguma maneira, definem o discurso e as ações do PT em termos internacionais. Daí o apoio às ditaduras de esquerda, como as da Venezuela, da Nicarágua e de Cuba.

Se está dizendo que Lula da Silva é atropelado pelos radicais e, por isso, apoia Nicolás Maduro, Miguel Díaz-Canel e Daniel Ortega? Na verdade, não é exatamente isto que se está sugerindo. Porque o presidente brasileiro apoia tais ditadores, não empurrado, é certo, mas, quem sabe, mais por solidariedade aos seus companheiros de PT, como José Dirceu e José Genoino (um político que, ao ser injustiçado, radicalizou-se na velhice).

Caso da Venezuela: amando o ditador

O mundo sabia: cansados do chavismo, do qual o presidente Nicolás Maduro é principal representante, os eleitores venezuelanos — a Venezuela clama por mudança — queriam eleger e elegeram Edmundo González Urrutia.

Antes do pleito, Nicolás Maduro, há 12 anos no poder — democratas não ficam tanto tempo (de maneira contínua) no poder, exceto quando há eleições livres e decentes —, demonstrava relativa tranquilidade (apesar de falar em “banho de sangue”, uma ameaça), mesmo com as pesquisas independentes apontando que seria derrotado.

Motivo da tranquilidade: Nicolás Maduro corrompeu a Justiça Eleitoral — assim como os militares (que, nas patentes superiores, vivem de maneira nababesca) — e, por isso, sabia que, mesmo ganhando, Edmundo González Urrutia seria derrotado.

Os eleitores fizeram sua parte: votaram pela mudança, sobretudo para arrancar o chavismo do poder. Diz-se que o chavismo de Nicolás Maduro melhorou as condições sociais dos venezuelanos. Mas, se fosse verdade, por que tantas pessoas continuam saindo do país — desistindo da própria pátria e vivendo em condições precárias noutros países, como Brasil, Colômbia e Argentina?

Pode-se sugerir que uma quadrilha política — de esquerda — tomou de assalto a Venezuela e os cofres do Erário.

Edmundo González Urrutia ganhou e Nicolás Maduro levou. O que fizeram Lula da Silva e seus aliados? Os aliados, de cara, passaram a defender que era preciso aceitar o resultado eleitoral, ou seja, a fraude gigantesca.

Lula da Silva, de olho na disputa eleitoral de 2026, com sua astúcia política habitual, agiu com a cautela dos que sabem enganar. Sugeriu que, com a divulgação das atas, se poderia saber sobre a lisura do processo eleitoral (ou seja, repetindo o apoio anterior a Stálin).

Ora, o processo eleitoral é tão viciado que o eleito, Edmundo González Urrutia, perdeu e o derrotado, Nicolás Maduro, ganhou. Então, a Justiça Eleitoral, que obedece ao ditador, só ganhou tempo para falsificar as atas.

O grave erro de Lula da Silva pode custar-lhe uma derrota eleitoral em 2026. O PT diz que Jair Bolsonaro queria instalar uma ditadura no Brasil. Se isto for verdade, o ex-presidente merece o opróbrio público. Mas criticar só a ditadura de direita (ainda que, no caso do bolsonarismo, só a possibilidade) não é típico de democratas. Todas as ditaduras devem ser criticadas — tanto as de direita quanto as de esquerda. Todas são ruins. Só a democracia e os democratas merecem apoio e defesa.





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