É preciso indignar-se diante de tanta hipocrisia e desumanidade que tem sido disseminada nas redes sociais nestes dias de dor e sofrimento de nossos irmãos do Sul do Brasil.
Marcus Vinícius de Faria Felipe
Não dá para ficar calado quando Eduardo Bolsonaro, o filho “03” do ex-presidente Jair Bolsonaro lança fake news sobre um suposto desvio de dinheiro do governo federal para pagar o show da cantora Madona no Rio de Janeiro.
Mentira.
O show foi pago com patrocínio privado (Itaú e Heineken) e público (governo e prefeitura do Rio). O valor total do evento foi de R$ 60 milhões, e destes, Madona doou R$ 10 milhões para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. E o show movimentou R$ 300 milhões na economia carioca com lotação de hotéis, bares, restaurantes, lanchonetes, motoristas de aplicativo etc, etc, etc.
Quanto Neymar, Gustavo Lima e outros bolsonaristas famosos deram de dinheiro para as vítimas da enchente?
Zero.
Mas o bolsonarismo não perde a mania de mentir e de apostar no quanto pior, melhor.
Nada de solidariedade.
Zero de corrente positiva.
Eu pergunto: Quanto Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Michele Bolsonaro doaram para os gaúchos?
Quando ocorreram as enchentes na Bahia, em 2022, Bolsonaro estava lá, ajudando os baianos ou estava num jet ski em Santa Catarina?
Qual foi o valor da doação para o povo gaúcho da classe média bolsonarista carioca e dos pastores que beijam a boca das filhas?
Zero.
Esse povo tem tempo para ver satanismo no show da Rainha do Pop, mas não se mobiliza socorrer quem precisa de ajuda.
Na hora das catástrofes naturais, das calamidades de saúde os bolsonaristas somem.
Cadê o senador gaúcho e ex-vice-presidente Mourão? Cadê Bolsonaro?
Eles ainda não foram vistos no Rio Grande do Sul se mobilizando para ajudar os desabrigados.
Por que uma ONG bolsonarista, a Hárpia, criada pelo ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), foi indicada pelo deputado federal Zuco (PL-RS) para receber via Pix doações para o povo do rio grande?
Por que os bolsonaristas não indicaram o PIX oficial do governo do RS?
PIX para a conta SOS Rio Grande do Sul
CNPJ: 92.958.800/0001-38
Banco do Estado do Rio Grande do Sul.
Por que?
Os bolsonaristas querem lucrar com a tragédia gaúcha?
Eles preferem entupir as redes sociais de mentiras e encher de dinheiro o instituto Hárpia, que prega liberação geral do porte de armas e arrecada dinheiro para pagar milícias para invadir acampamentos de assentados da reforma agrária?
Mas não é de espantar este comportamento.
Quando é que Bolsonaro foi empático e solidário com as vítimas do covid?
Lembremos as frases do “mito” neste período?
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre.”
Disse Bolsonaro em 28 de abril de 2020, quando questionado sobre novo recorde de mortes registradas em 24 horas, com 474 óbitos, ultrapassando a China no número total de óbitos pelo novo coronavírus
“Temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura e de mimi. Vão ficar chorando até quando?…
Fala do ex-presidente 4 de março de 2021, em São Simão (GO), quando se posicionou contra as medidas de combate ao covid.
Existe um termo que ainda é novo para maioria da população: Necropolítica, que significa “política da morte”.
Bolsonaro e seus seguidores políticos se alimentam da política da morte.
É política da morte aquilo que faz o governador Tarcísio de Freitas (PL-SP), em São Paulo quando diz “não tô nem aí” quando ocorrem 179 casos de mortes por violência por da ação da PM nos primeiros três meses de 2024.
É necropolítica apoiar o genocida Netanyahu e fechar os olhos e os ouvidos para a morte de 38 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças.
Também é política da morte a liberação geral do uso de armas que faz aumentar o número de mortes de mulheres, de negros, de sem teto, de sem terra.
Quanto mais armas nas ruas, mais mortes de pobres, pretos e favelados.
É necropolítica pedir PIX para ONG bolsonarista ao invés de doar diretamente para os órgãos de governo que cuidam dos que perderam tudo na enchente.
Mas a alma bolsonarista é necrozada, pois o bolsonarismo é infeliz, e não quer a felicidade do próximo.
É uma ideologia doente, que adoece quem os segue.
Felizmente há remédio para isso, chama-se “simancol”.
Uma dose diária de simancol começa em cortar o hábito de falar mal dos outros e cuidar do próprio umbigo.
Gilberto Gil profetizou que esta doença infectaria o país na letra e mandou o recado na sua música “Pessoa Nefasta”:
Tu, pessoa nefasta
Vê se afasta teu mal
Teu astral que se arrasta tão baixo no chão
Tu, pessoa nefasta
Tens a aura da besta
Essa alma bissexta, essa cara de cão
Reza
Chama pelo teu guia
Ganha fé, sai a pé, vai até a Bahia
Cai aos pés do Senhor do Bonfim
Dobra
Teus joelhos cem vezes
Faz as pazes com os deuses
Carrega contigo uma figa de puro marfim
Pede
Que te façam propícia
Que retirem a cobiça, a preguiça, a malícia
A polícia de cima de ti
Basta
Ver-te em teu mundo interno
Pra sacar teu inferno
Teu inferno é aqui
Pessoa nefasta, pessoa nefasta
Tu, pessoa nefasta
Gasta um dia da vida
Tratando a ferida do teu coração
Tu, pessoa nefasta
Faz o espírito obeso
Correr, perder peso, curar, ficar são
Solta
Com a alma no espaço
Vagarás, vagarás, te tornarás bagaço
Pedaço de tábua no mar
Dia
Após dia boiando
Acabarás perdendo a ansiedade, a saudade
A vontade de ser e de estar
Livre
Das dentadas do mundo
Já não terás, no fundo, desejo profundo
Por nada que não seja bom
Não mais
Que um pedaço de tábua
A boiar sobre as águas
Sem destino nenhum
Pessoa nefasta, pessoa nefasta
Pessoa nefasta, pessoa nefasta
Pessoa nefasta, pessoa nefasta
Fasta fasta fasta fasta