Um avião com destino a Caracas decolou nesta sexta-feira (3) de Santiago transportando 65 venezuelanos expulsos, a maioria deles por cometer crimes, após um acordo cercado de tensões bilaterais com o governo de Nicolás Maduro, informaram as autoridades chilenas.
"É o primeiro voo [fretado pelo governo chileno] que conseguimos realizar durante 2024 para a Venezuela [...] e, por isso, estamos traduzindo o diálogo diplomático [com Caracas] em fatos concretos", declarou à imprensa o vice-ministro do Interior, Manuel Monsalve.
Os voos de expulsão de cidadãos venezuelanos foram retomados após semanas de tensão entre Santiago e Caracas devido a declarações do chanceler venezuelano, Yván Gil, que negou a existência do grupo criminoso internacional Trem de Aragua.
As conversas e acordos de colaboração policial alcançados neste ano entre o governo do presidente chileno, o esquerdista Gabriel Boric, e o seu homólogo venezuelano, foram duramente criticados pela oposição de direita do Chile.
Os questionamentos foram renovados após as palavras de Gil e o sequestro e assassinato de um soldado venezuelano aposentado que vivia como refugiado no Chile.
Estavam no voo fretado 55 venezuelanos expulsos por terem cometido crimes como roubo com violência, tráfico de drogas, sequestro ou porte ilegal de armas. "Eram pessoas que poderiam afetar a segurança do país", explicou Monsalve. Os 10 cidadãos restantes foram expulsos por terem entrado irregularmente no Chile.
Cada uma dessas pessoas viajou acompanhada por um policial chileno.
Contando com mais estes 65, o Chile já enviou 146 cidadãos venezuelanos para Caracas neste ano, a maioria deles em voos comerciais regulares.
O diretor de Imigração do Chile, Luis Eduardo Thayer, disse que agora já são 12 voos fretados nos últimos anos para levar venezuelanos expulsos de volta ao país de origem.
Monsalve anunciou que Santiago vai pedir, até segunda-feira (6), uma autorização ao governo Maduro para enviar outro avião com venezuelanos dentro de três semanas.
O Chile registrou um aumento da criminalidade nos últimos anos e detectou a presença de gangues internacionais, incluindo da facção criminosa Trem de Aragua.
O território chileno abriga uma grande comunidade de venezuelanos, estimada em 533 mil pessoas, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas.