No sábado (27/04), o presidente de Portugal voltou a tratar do tema e confrontou os críticos às suas declarações. Durante a inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche, ele reafirmou que o país tem a obrigação de liderar o processo de reparação às ex-colônias, sob pena de perder a capacidade de diálogo com elas. E enfatizou que não se pode jogar esses fatos para debaixo do tapete.
“Não podemos meter isto debaixo do tapete ou dentro da gaveta. Temos a obrigação de pilotar, de liderar este processo. Senão, vai nos acontecer o que aconteceu a outros países que, tendo sido potências coloniais, perderam a capacidade de diálogo e entendimento com as ex-colônias e estão a ser convidados a sair, a bem ou a mal, dos países onde ainda têm alguma presença”, disse o líder português, que está sob ataque os radicais de direita.
Para Rebelo de Sousa, é muito fácil pedir desculpas e fugir das responsabilidades. “Temos de assumir a responsabilidade por aquilo que de mau e de bom houve no império, inclusive, levantando se há, em Portugal, patrimônio trazido dos países colonizados”, disse. “A reparação é pagar uma indenização? Não. É uma realidade que já começou há 50 anos, como o perdão de dívida aos países colonizados, linhas de crédito, financiamentos ou programas especiais às ex-colônias e o estatuto de mobilidade dos cidadãos dos países de língua portuguesa”, frisou.
O presidente admitiu, no entanto, que as soluções para a reparação aos países colonizados não podem ser homogêneas e encontradas de acordo com as circunstâncias. É uma questão que, sendo sensível, tem de ser assumida porque faz parte da nossa história, porque não a podemos omitir”, assinalou, lembrando que o tema inclui, ainda, os portugueses que tiveram de deixar todos os seus bens para trás quando houve a independência das colônial.