Ser papa em tempos de intensa polarização e onipresença digital exige mais do que profundos conhecimentos teológicos, carisma pastoral e fé. Francisco, o 266.º sumo pontífice na longa tradição da Igreja Católica, veste a carapuça do político quase com tanta frequência como usa a batina.
E essa habilidade, embora tenha atingido proporções globais nos últimos anos, não é nova.
"Quando arcebispo de Buenos Aires, recordo que [Jorge] Bergoglio [seu nome antes de se tornar papa] enfrentava a oposição de alguns bispos mais conservadores, como o monsenhor [Héctor] Aguer [que, quando arcebispo de La Plata, era considerado o maior antagonista de Bergoglio no episcopado argentino]", afirma à BBC News Brasil o jornalista e escritor argentino Luis Rosales, biógrafo do papa e autor do livro Francisco: El Argentino Que Puede Cambiar El Mundo ("Francisco: o argentino que pode mudar o mundo", em tradução livre).
"Ele lidava com isso da mesma forma como tudo se lida na Igreja: com sórdidas relações de equilíbrio, algumas vezes há ofensas, em outras há a convivência um tanto hipócrita", comenta o biógrafo.
Nos últimos meses, Francisco mexeu algumas peças no tabuleiro e, ao que parece, vem preferindo fazer valer o seu poder, em vez de seguir na "convivência um tanto hipócrita".