A política de oposição venezuelana María Corina Machado acredita que o povo do país mudou. Que a forte crise econômica que afundou o país, a separação de tantas famílias e o êxodo de um quarto da população levaram a uma reflexão: um aprendizado que pode, "agora sim", causar uma mudança na Venezuela.
"Antes havia problemas, mas muitos continuavam empregados e como havia dinheiro, esse dinheiro acabava resolvendo tudo", disse à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) a política de oposição, em entrevista concedida em seu escritório em um bairro no leste de Caracas, a capital da Venezuela.
"Vamos aprendendo na marra, mas seguimos aprendendo e acabamos descobrindo o que significa ser venezuelano e querer seguindo sendo venezuelano", acrescenta, com um sorriso nos lábios fazendo em seguida uma pausa, prosseguindo quase em tom de sussurro.
Ficou para trás aquela política altissonante, para muitos radical, de 20 anos atrás. Aquela que interpelou Hugo Chávez no Congresso e foi chamada pelo presidente de "mosca", que "não são caçadas por águias".
Machado diz que ela, assim como os venezuelanos, mudaram a forma de compreender o país e renovaram os métodos que consideram adequados para gerar uma transição.