A deputada Victoria Villarruel, candidata a vice-presidente na chapa do presidenciável argentino Javier Milei, promete, se for eleita, revisar a atual política de memória e direitos humanos do país, que indenizou milhares de vítimas da repressão provocada pelo Estado durante a última ditadura militar (1976-1983).
A proposta ainda não foi detalhada, mas a insistência da advogada de 48 anos nesta pauta representa uma guinada na política da Argentina, onde até então, de acordo com analistas, havia um relativo consenso na elite política sobre como tratar o regime comandado por militares.
O país costuma ser elogiado por especialistas internacionais em direitos humanos e historiadores por ter levado os ditadores militares ao banco dos réus, além de ter julgado e punido torturadores.
Em setembro, um dos maiores centros militares de tortura daquele período, a Esma — já transformado no Espaço Memória e Direitos Humanos na década passada —, foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco.
No entanto, para a candidata a vice de Milei, essa política implementada não é correta. Villaruel tem dito que defende “a memória completa”, que, segundo ela, deve considerar que havia "uma guerra" que colocava militares e forças de segurança de um lado e, do outro, guerrilheiros de esquerda a quem chama de "terroristas".