O presidente Lula está em Luanda, capital da Angola, onde cumpre agenda oficial de dois dias, para estreitar as parcerias entre os dois países. No início da manhã desta sexta-feira (25), ele se encontrou com o presidente João Lourenço, que o condecorou com a mais alta distinção do Estado angolano, a Grande Ordem António Agostinho Neto. A homenagem é atribuída a nacionais e estrangeiros, em particular, a chefes de Estado e de governo ou a líderes políticos.
A condecoração leva o nome do ex-presidente que lutou bravamente pela independência de Angola, em 1975. O Brasil foi o primeiro país a reconhecer o país africano como independente.
“Essa Ordem aumenta a minha responsabilidade, porque agora eu estou reforçando o compromisso de tentar fazer uma campanha mundial contra a desigualdade“, afirmou Lula, garantindo que irá encabeçar uma mobilização para conscientizar as pessoas sobre o aumento da fome no Brasil e no mundo, além de outras desigualdades, como de raça, gênero e classe social.
“Com essa honraria e essa medalha no peito, alimentado pela inteligência e pelo pensamento revolucionário de Agostinho Neto, eu espero conseguir convencer a humanidade a se indignar contra a desigualdade. A gente só vai ganhar essa batalha quando colocá-la como prioridade”, acrescentou.
Lula, por sua vez, condecorou João Lourenço com a Ordem Nacional Cruzeiro do Sul, comenda que o presidente do Brasil atribui a personalidades estrangeiras. O chefe de Estado angolano se emocionou. “Este prêmio ganha uma dimensão especial por ser concedido por Vossa Excelência, que confere um valor emocional difícil de expressar, por sua trajetória de lutador incansável pelas causas da justiça social, pela dignidade dos mais vulneráveis e pela inclusão política e econômica, cultural e social de todos os brasileiros e brasileiras, sem distinção”, agradeceu.
Pelo Twitter, Lula anunciou que convidará o país africano para participar das reuniões do G20, que será presidido pelo Brasil a partir de dezembro. “Convidei Angola para participar das reuniões do G20 ao longo da presidência brasileira, que terá início em dezembro. Reiterei ao presidente João Lourenço que a relação do Brasil com Angola é uma política de Estado, que independe das circunstâncias. Vamos continuar fortalecendo a parceria no Atlântico Sul”, disse.
Lula acrescentou que a visita a Angola é o retorno do Brasil à África. “Nos últimos anos, lamentavelmente, os governos anteriores abandonaram as relações com os países africanos. Vamos mudar isso. Iremos atingir um novo patamar de relação estratégica. A revolução agrícola que Angola precisa fazer, vai ter a cooperação do Brasil, por exemplo”, tuitou o chefe do governo brasileiro. “Vamos buscar parceiros no setor privado brasileiro para completar a estrutura de irrigação necessária para Angola, com proteção ambiental e desenvolvimento sustentável”.
Agenda oficial em Angola
O presidente Lula chegou a Luanda na noite de quinta-feira (24), depois de participar da 15ª Cúpula de Chefes de Estado dos BRICS na África do Sul. Em reuniões bilaterais com o colega João Lourenço, em uma agenda que se estenderá por dois dias, Lula firmará acordos de cooperação entre os dois países nas áreas de agricultura, processamento de dados, apoio a pequenas e médias empresas, saúde e educação.
Angola é o único país do continente africano, além da África do Sul, com o qual o Brasil tem uma parceria estratégica. O acordo foi assinado em 2010, durante o segundo mandato do presidente Lula.
Segundo a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), os dois países mantêm sete projetos de cooperação em execução e os governos discutem a implementação de outros três, nas áreas de saúde e educação. Além disso, projetos nas áreas de meio ambiente, geoprocessamento, geologia, saúde, energia, urbanização e segurança pública estão em estudos.
Uma das ações brasileiras de destaque no país é o Programa de Desenvolvimento Regional do Vale do Cunene, região no sul de Angola que foi castigada pela seca nos últimos anos. A iniciativa, com participação da Embrapa, tem como objetivo ampliar a agricultura local com técnicas de plantio e irrigação semelhantes às que foram utilizadas no Vale do rio São Francisco, no Nordeste brasileiro.