Lembrar de absolutamente tudo seria incrível, não é? Funes, o memorioso, pode não ter a mesma opinião.
Aos 19 anos, ele bateu a cabeça com força ao andar a cavalo e, quando voltou a si, percebeu que havia adquirido o incrível talento (ou talvez a maldição) de lembrar tudo o que percebia ao seu redor.
“Essas memórias não eram simples; cada imagem visual estava ligada a sensações musculares, térmicas e assim por diante. Podia reconstruir todos os sonhos, todos os entressonhos. Duas ou três vezes havia reconstruído um dia inteiro; nunca havia duvidado, mas cada reconstrução exigia um dia inteiro. No entanto, Funes não era muito capaz de pensar. Pensar é esquecer as diferenças, é generalizar, abstrair. No mundo lotado de Funes só havia detalhes, quase imediatos”.
Na realidade, Funes nunca existiu. Ao menos fora da mente prodigiosa do escritor argentino Jorge Luis Borges e do conto "Funes, o memorioso", publicado em 1942.
Mas, por mais extraordinário que possa parecer, houve alguém muito parecido no mundo real.