O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, pediu o fim imediato de confrontos no Sudão e disse que “os militares e paramilitares envolvidos precisam retomar as negociações”.
Turk, que realiza uma visita oficial aos Estados Unidos, disse que o Sudão tem tolerado “dor, sofrimento e confrontos” que resultam de “jogos de poder e interesses pessoais que só servem para ignorar as aspirações democráticas da população”.
Nesse quarto dia de confrontos entre as Forças Armadas Sudanesas, SAF, e as Forças de Apoio Rápido, RSF, houve combates em diferentes partes do país e na capital, Cartum. Pelo menos 185 pessoas morreram e 1,8 mil ficaram feridas nos choques, desde sábado.
O Escritório de Assistência Humanitária, Ocha, falou do uso de armas ligeiras e pesadas em ataques do Exército no maior centro urbano do Sudão. As operações humanitárias estão suspensas em muitos estados devido à insegurança e saques.
A ONU alerta para as dificuldades das de reiniciar os programas, sem recursos nem suprimentos essenciais. O país tem 15,8 milhões de pessoas precisando de ajuda humanitária.
Em sua nota, Volker Turk cita grande parte da violência em regiões densamente povoadas de Cartum e áreas residenciais, onde ataques aéreos e bombardeios colocam os civis em risco.
O alto comissário falou ainda de vários milhares de sudaneses que sem eletricidade e sem poder fugir, além de “preocupados com a falta de comida, água potável e remédios”.
Turk diz que ambos os lados “devem lembrar a seus combatentes de suas obrigações sob o direito internacional para garantir a proteção e preservação da infraestrutura civil”.
O alto comissário está “particularmente horrorizado com relatos de tentativa de estupro” e exigiu investigações rápidas, completas e imparciais sobre mortes de civis, incluindo três funcionários do Programa Mundial de Alimentação, bem como outras violações.
Ele lembrou que, há algumas semanas, o Sudão parecia estar perto de um acordo de restauração de um governo civil.
O comunicado pede que o bom senso prevaleça e todas as partes atuem pelo fim de tensões e que sejam priorizados os “interesses compartilhados do povo sudanês”.
Nesta terça-feira, as Nações Unidas disseram ser necessário um esforço coordenado da comunidade internacional para travar os confrontos no Sudão.
O secretário-geral António segue em contato com ambos os lados “numa atividade diplomática muito forte e intensa”.
Desde sábado, ele tem mantido contatos com líderes regionais para pedir o fim dos choques.