"A Federação Argentina de Futebol lamenta informar com grande tristeza a morte de César Luis Menotti, atual Diretor de Seleções e ex-técnico campeão mundial da Argentina", manifestou-se a entidade.
Fã do Brasil, Menotti conquistou a Copa de 1978 sem derrotar o Brasil de Cláudio Coutinho à época. Houve empate por 0 x 0 na Batalha de Rosário pelo Grupo B do quadrangular semifinal. Recentemente, ele criticou veementemente a probreza dos pentacampeões do mundo depois da derrota por 1 x 0 para a Argentina, no Maracanã, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026.
"Me dá vergonha o que acontece com o Brasil. Eu vivi uma época maravilhosa deles, na Copa do Mundo de 1970. Acredito que há uma decadência cultural. E não entendo como se pode jogar tão mal, sem sustentar toda a sua história brilhante. É bem-vindo que eles sigam mal contra nós", ironizou em entrevista ao canal "DSports".
Polêmico, Menotti ficou marcado por não levar Diego Armando Maradona à Copa do Mundo de 1978 e por peitar o regime na Argentina. "Menotti era um boêmio, militante da esquerda em plena ditadura militar, que tinha um estilo atrevido e pregava um estilo de jogo alegre, de toque. Menotti argumentava que era necessária a posse da bola e progredir pelo gramado em passes sucessivos", explica o correspondente do Grupo Globo na Argentina, Ariel Palacios. Maradona e Menotti trabalharam juntos depois no Barcelona.
César Menotti estava internado no Hospital Agote de Recoleta desde o fim de março devido a uma anemia profunda. A doença se complicou para uma tromboflebite. O treinador estava consciente e acomodado em um quarto comum. Segundo os boletins médicos recentes, "ele estava lúcido e ansioso para voltar para casa", reporta o diário argentina Olé. Em agosto do ano passado, ele caiu em casa e sofreu uma hemorragia interna.
Cérebro da Argentina na conquista da Copa de 1978, César Menotti foi responsável por dividir o futebol do país em duas escolas. Há quem goste do estilo menotista e os adeptos do bilardismo, referência ao comandante da seleção albiceleste na conquista do bicampeonato, em 1986, no México.
"Menotti dizia que jogador de futebol é um intérprete privilegiado dos sonhos e sentimentos de milhões de pessoas. Ele privilegiava um estilo de futebol-arte, na contramão de seu rival, Carlos Bilardo, técnico de 1986, que defendia um futebol de resultados. Segundo Bilardo, 'no futebol só vale ganhar e nada mais. E ganhar do jeito que for... eu não estou nem aí'", lembra Ariel Palacios em referência ao expoente da outra escola argentina.
Apelidado de El Flaco, Menotti não aparecia publicamente desde 13 de março, quando concedeu entrevista à rádio Splendid e se derreteu por Ángel Di María, um dos símbolos da conquista do tricampeonato mundial da Argentina em 2022, no Catar. "Ele é um dos melhores jogadores da história do futebol argentino. E se não, veja onde jogou, como jogou... Pergunte aos companheiros. Para mim, Di María tem uma importância tão grande em nossa história que doeria muito se ele não gostasse do reconhecimento por tudo que ele fez. Ele nunca vendeu fumaça, nunca, nunca... Tenho muito apreço por ele e não tenho nenhum relacionamento com ele", disse.