A imprensa publica, com frequência, notícias de que o PSDB poderá se fundir com o MDB de Baleia Rossi e Daniel Vilela ou com o PSD de Gilberto Kassab e de Vanderlan Cardoso.
A fusão é sempre possível. Mas qual é o jogo real do PSDB? Na verdade, tendo se tornado nanico, o partido está à beira da extinção. Sua força no Congresso e nos Estados é praticamente nenhuma. O “velório” aproxima-se. O “enterro” poderá ocorrer em 2026. Estranhamente, há quem já fale em missa de sétimo dia.
Então, o objetivo da fusão é “extinguir” o partido, mas sem falar na palavra “extinção” — que é terrível. O deputado federal Aécio Neves, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-governador de Goiás Marconi Perillo não querem passar para a história como “coveiros” do PSDB.
Fala-se que, no caso de fusão com o PSD, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do PSDB (“o último dos dinossauros”, na opinião de um deputado), será seu candidato a presidente.
Porém, o partido mais fraco da aliança — o PSD tem 14 senadores e o PSDB — não tem como bancar candidato a presidente. A (ou o) cabeça da aliança seria definido não por Aécio Neves, Eduardo Leite e Marconi Perillo, e sim por Gilberto Kassab e seus aliados em vários Estados.
Kassab está fechado com Tarcísio de Freitas
A rigor, o projeto do PSD — leia-se de Gilberto Kassab — não passa pela candidatura de Eduardo Leite.
Pelo contrário, se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), for candidato a presidente, Gilberto Kassab será o coordenador de sua campanha.
Se Tarcísio de Freitas for candidato à reeleição, Gilberto Kassab vai operar para ser seu vice. É o jogo que mais interessa ao presidente nacional do PSD.
Porque, se reeleito, Tarcísio de Freitas será candidato a presidente ou a senador, em 2030, e seu vice assumirá o governo e se tornará candidato natural à reeleição.
Ou seja, insistindo, o projeto político de Gilberto Kassab passa pelo projeto político de Tarcísio de Freitas, e não pelo do PSDB e de Eduardo Leite.
Uma fusão do PSDB com o PSD será ótima para os tucanos, mas poderá não ser para os adeptos do partido de Gilberto Kassab.
Vanderlan Cardoso pode rejeitar Marconi Perillo
Veja-se o caso de Goiás. No Estado, o partido é presidido pelo senador Vanderlan Cardoso, que não planeja apoiar Marconi Perillo para governador em 2026.
Então, a tendência, no caso de fusão, é Marconi Perillo expurgar Vanderlan Cardoso, destituindo-o da presidência (e é muito difícil fazer isto com um senador), ou o senador expurgar o tucano. Quem ganhará a peleja? Aquele tem mandato, é claro.
Em conversas reservadas, Gilberto Kassab não demonstra entusiasmo com a fusão, exceto se Eduardo Leite, Aécio Neves e Marconi Perillo não pleitearem a janelinha. Afinal, como disse o ex-jogador Romário, ao criticar o parça Edmundo, a janelinha é dos veteranos, não dos chegantes. (E.F.B.)