Em destaque, evento que antecede a Jornada da Natureza apresenta os benefícios do cultivo do pinhão para a Mata Atlântica

Foto Diangela Menegazzi

Foto Diangela Menegazzi

Além de ser tradicionalmente consumido cozido ou assado, o pinhão tem se mostrado um ingrediente versátil na culinária

“A ação é parte do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, do MST, e busca intensificar a recuperação ambiental e a produção de alimentos saudáveis, com a meta de plantar 100 milhões de árvores até 2030”, informa o movimento social. “A Jornada reforça a integração da luta pela reforma agrária com ações de enfrentamento à crise ambiental, que já causa danos incalculáveis à vida, sendo a mais recente no Rio Grande do Sul, e em diversas partes do planeta”, completa a entidade civil organizada.

Preparação para a Jornada da Natureza

Entre as ações que antecedem a Jornada da Natureza, destaque para o curso “Alimentação com os sabores do Pinhão”. O evento ocorreu no último dia 28 de maio e trouxe as características benéficas da colheita do pinhão, típica do Sul do país, particularmente no inverno. Diversas iniciativas do MST trabalham com o produto. O movimento destaca que seu manejo é saudável, trata-se de uma planta nativa, a araucária, que produz o pinhão.

Pinhão e preservação

Além de ser tradicionalmente consumido cozido ou assado, o pinhão tem se mostrado um ingrediente versátil na culinária. Seu consumo consciente contribui para a preservação e recuperação da araucária, uma espécie ameaçada de extinção no bioma da Mata Atlântica. Ana Paula Siqueira Rodrigues, jovem camponesa da comunidade da Reforma Agrária Cinco de Maio, no município de Pinhão, na região central do Paraná, ficou surpresa ao descobrir 100 modos de preparo do pinhão, incluindo receitas doces e salgadas.

“Até então eu pensava que o pinhão era só cozido ou na chapa do fogão à lenha. Não sabia que ele pode ser utilizado em outras receitas e assim diversificar nossa alimentação”, comentou Ana Paula.

Essa descoberta fez parte de um curso que apresentou diversas maneiras de preparar o pinhão. O evento contou com realização e participação de pessoas de assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária dos municípios de Pinhão e Guarapuava. Os participantes são integrantes da Brigada Cacique Guairacá do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Engajamento e sustentabilidade

O período de coleta do pinhão coincide com a época mais fria do ano no Paraná. De meados de abril a junho, o que o torna um alimento ainda mais relevante para a dieta local durante esses meses. Negre é coautora do livro “O Pinhão na Culinária”, publicado pela Embrapa, que contém 100 receitas variadas. “Essa experiência foi muito enriquecedora, trabalhar com as pessoas da agricultura, ensinar e aprender com elas é muito importante. Isso vai agregar valor para a cooperativa e aos produtos delas”, destacou Negre sobre sua experiência com o grupo de mulheres do MST.

Iara de Souza, integrante da direção da Brigada, afirmou que o curso contribuirá para a organização da CooperGuairacá, a cooperativa das famílias camponesas da região. “É um impulso muito grande para nossas produções. Esse curso vai agregar muito na comercialização da nossa futura cooperativa, que está em processo de construção. Grande parte das associadas são mulheres, que com certeza vão replicar as produções aprendidas hoje.” As mulheres da Brigada formam o coletivo Eternas Guerreiras, que realiza diversas ações de formação e organização das camponesas da região