A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (10) a Operação BAL, contra lavagem de dinheiro oriundo de garimpo ilegal. A irmã do governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), Vanda Garcia de Almeida, é um dos alvos da operação. Agentes chegaram à residência dela de madrugada. Em nota, o governador de Roraima afirmou que “desconhece o teor da investigação (da PF) contra sua irmã”. Acrescenta esperar “que as eventuais responsabilidades sejam apuradas na forma da lei”, colocando-se “à disposição para todo e qualquer esclarecimento”.
A operação da PF executa oito mandados de busca e apreensão, com bloqueio de bens, expedidos pela 4ª Vara Federal de Roraima, nos Estados de Roraima e Pernambuco. O suposto esquema de lavagem de dinheiro teria movimentado R$ 64 milhões em dois anos, como produto de compra e venda de ouro ilegal e apoio de empresas de fachada. A PF encontrou cinco toneladas de cassiterita na casa de um dos alvos.
O governador Denarium tem dado frequentes indicações de que apoia os garimpeiros que invadiram as terras yanomami. Apesar disso, no momento ele não é tratado como suspeito pela PF.
Em setembro passado, A Pública publicou uma reportagem intitulada “Dobradinha Denarium/Bolsonaro em Roraima mantém garimpo em Terra Yanomami”. Nela, o veículo diz que, eleito na onda bolsonarista de 2018, Denarium sancionou uma lei, em julho de 2022, proposta pelo deputado George Melo (Podemos), “proibindo a destruição de equipamentos apreendidos em operações de fiscalização ambiental”. Em outubro de 2022, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu a legislação.
Narrativa inconsistente
Em seu site, a PF esclarece que as investigações “tiveram início com o recebimento de informações acerca de uma abordagem da PRF (Polícia Rodoviária Federal) a um dos suspeitos em uma rodovia do estado” em uma ação de rotina. Nela, “os policiais verificaram inconsistências na narrativa dos passageiros de um veículo, os quais tentaram ocultar uma viagem recém realizada a Rondônia e encaminharam os fatos à Polícia Federal”.
Análises da PF indicaram “envolvimento do passageiro com outros suspeitos já investigados”. Os suspeitos “receberiam valores de diversos financiadores pelo Brasil e sacariam ou transfeririam os valores para pessoas e empresas no estado de Roraima”. Essas seriam responsáveis pela compra de ouro ilegal.
A PF informou que o nome da operação é uma alusão a um composto utilizado no tratamento de envenenamento por ouro, o BAL (British anti-Lewisite), “situação da qual, figurativamente, padeceria o estado de Roraima no momento”.