A Polícia Federal (PF) solicitou a abertura de um inquérito para investigar possíveis desvios relacionados à destinação de emendas parlamentares do senador Eduardo Gomes (PL-TO), atual 1º vice-presidente do Senado e ex-líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional. O pedido foi encaminhado no âmbito da Operação Emendário, que já resultou em denúncias contra três deputados do PL, conforme revelou o jornal brasiliense Metrópoles.
A investigação teve um desdobramento significativo após a análise de aparelhos eletrônicos apreendidos durante as diligências. A PF identificou mensagens em que um ex-assessor de Eduardo Gomes cobra o pagamento de valores de Carlos Lopes, funcionário do deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA), apontado como operador de um esquema de rateio de emendas entre parlamentares aliados. De acordo com o relatório da corporação, as trocas de mensagens sugerem que o senador estaria inserido no mesmo modus operandi investigado na Operação Emendário.
A investigação teve início após a análise de dispositivos eletrônicos apreendidos durante a operação. A PF identificou mensagens em que um ex-assessor de Eduardo Gomes cobrava pagamentos de Carlos Lopes, secretário parlamentar do deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA).
Lopes é apontado como responsável por elaborar ofícios e planilhas, além de articular a destinação de emendas sob o comando de Maranhãozinho. As mensagens sugerem possíveis irregularidades na gestão de recursos públicos destinados a emendas parlamentares.
Quem é Eduardo Gomes?
Carlos Eduardo Torres Gomes é empresário e tem uma longa trajetória na administração pública. Iniciou sua carreira em 1986 como secretário municipal de Educação e Cultura de Xambioá (TO) e, posteriormente, ocupou cargos em Araguaína e Palmas. Foi deputado federal e, atualmente, é senador pelo Tocantins. Durante o governo Bolsonaro, Gomes foi líder do governo no Congresso e relator do orçamento de 2020, cargo de grande influência na destinação de recursos públicos.
Eduardo Gomes com Flávio e Carlos Bolsonaro, filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução
Além das suspeitas de desvios, Gomes também é conhecido por utilizar recursos públicos para financiar matérias favoráveis em veículos de comunicação do Tocantins. Entre julho e setembro de 2023, o senador destinou R$ 80 mil de sua cota parlamentar para pagar por publicações elogiosas em portais como “O Paralelo 13”, “Gazeta do Cerrado” e “Folha do Bico”.
Esses veículos publicaram manchetes destacando Gomes como um “líder de práticas políticas civilizadas” e uma “ponte que liga o Tocantins ao Palácio do Planalto”.
A Operação Emendário, que investiga desvios em emendas parlamentares, já resultou em denúncias contra três deputados do PL e agora mira o bolsonarista. Gomes, que já foi filiado ao MDB e ao Solidariedade, é uma figura influente no Congresso e mantém estreitos laços com o governo Bolsonaro.
A PF ainda não divulgou detalhes sobre as suspeitas específicas contra Gomes, mas as mensagens apreendidas indicam uma possível articulação para o desvio de recursos. O caso reforça a necessidade de maior transparência e controle na destinação de emendas parlamentares, que frequentemente são alvo de denúncias de corrupção.
Com informações do Metrópoles, DCM e Brasil247