Eleitor rejeitou radicalismo da extrema direita nas urnas elegendo candidatos de legendas que apostam na democracia e nas alianças
Marcus Vinícius de Faria Felipe
O Bolsonaro e a ala de extrema-direita do PL foram os grandes derrotados nestas eleições. Como disse o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), em sua entrevista à Folha de SP, o povo brasileiro cansou deste mimimi de que tudo é culpa do comunismo. “Ele (Bolsonaro) pensou que era só mostrar o 22 que o povo votava”, ironizou.
Não foi bem assim.
Em todo país venceram os políticos e os partidos que fizeram o maior leque de alianças no primeiro e no segundo turnos.
Bolsonaro elegeu prefeitos de capitais inexpressivas politicamente como Aracaju (SE), Cuiabá (MT), Maceió (PL) e Rio Branco (AC). O MDB e o PSD ganharam em 5 capitais, cada entre elas em São Paulo, com Ricardo Nunes (MDB) e no Rio de Janeiro, com Eduardo Paes (PSD). O União Brasil venceu em 4 capitais, com destaque para Sandro Mabel em Goiânia; Podemos e PP ganharam em 2 capitais; Avante, PSB, PT e Republicanos venceram em 1 capital.
O “mito” virou mico no segundo turno. Disputou em 9 capitais e venceu apenas em duas.
Bolsonaro teve a oportunidade de fazer parcerias com os governadores Tarcísio de Freitas, em São Paulo, Ronaldo Caiado em Goiânia e com Ratinho Júnior, no Paraná, mas preferiu o radicalismo. Em Goiânia passou a atacar Caiado apostando na vitória do deputado cassado Fred Rodrigues (PL), que se revelou uma fraude.
Em São Paulo deixou Tarcísio falando sozinho e apostou as fichas no ex-coach goiano Pablo Marçal (PRTB), que nem foi para o segundo turno; e em Curitiba, ao invés de devolver o apoio que teve de Ratinho Junior na sua campanha presidencial, trocou o certo pelo duvidoso, se dando mal outra vez. Eduardo Pimentel (PSD), atual vice-prefeito de Curitiba, venceu a jornalista de ultradireita Cristina Graeml (PMB), que tem no currículo o “mérito” de ter sido expulsa da Jovem Pan, por ter sido considerada “bolsonarista demais”.
A coisa ficou tão ruim para Bolsonaro que ele caminha agora para perder de vez o controle do PL para o deputado Valdemar da Costa Neto, e, de quebra, pode dar adeus ao seu tão sonhado projeto de anistia para si mesmo e para os fascistas que invadiram Brasília no dia 08/01/2023. Arthur Lira, que precisa dos votos do PT e do PSD para eleger o seu sucessor na Câmara Federal já sinalizou que não var por projeto de anistia algum em votação neste ano e nem no ano que vem.
O que resta para Bolsonaro? Ir para cadeia, de onde vai saber notícias das campanhas de Caiado, Tarcísio e Ratinho Jr. à presidência!
O Procurador Geral da República, Paulo Gonet, já avisou que vai protocolar a denúncia contra Bolsonaro pela tentativa de Golpe de Estado, E este é apenas um dos inquéritos nas mãos da PGR que podem render mais de 30 anos de cadeia para o ex-capitão.
Gigolô de Bolsonaro
Em Goiás Bolsonaro não ganhou nada além da inimizade do governador Ronaldo Caiado e de todo o grupo político que o cerca.
Ah, mas Bolsonaro elegeu o prefeito de Anápolis, a cidade com maior número de indústrias de Goiás.
Elegeu mesmo?
O prefeito eleito Marcio Correa pode até ter desfilado com camisa verde-amarela por todo o período eleitoral, mas nunca foi nem de longe um bolsonarista raiz.
Correa desfilou com Bolsonaro pelas ruas de Anápolis como fazem aqueles empresários que contratam modelos como acompanhantes em eventos e desfilam com a beldade para atrair a atenção de seus pares.
Bolsonaro foi “gigolado” por Correa, assim como foi por João Dória, que se elegeu governador em 2018 com o “voto BolsoDória”.
Até os postes de Anápolis sabem da amizade de Márcio Correa com o vice-governador Daniel Vilela (MDB), e ninguém duvida que na primeira janela partidária ele vai trocar o PL pelo MDB para apoiar a eleição de Daniel ao governo do Estado e Caiado para presidente.
Inelegível
Nem a mulher respeita mais Bolsonaro. Dona Michele fez brincadeira com o deputado Nikolas Ferreira (outro derrotado em 2024) que viralizou no twitter.
Nikolas perguntou a Michelle se Bolsonaro era mesmo “três is”, numa referência à medalha do “imorrível, incomível e imbrochável”, com a qual Bolsonaro “homenageia” seus amigos. Dona Michelle sorriu e disse são “quatro is”, ou seja, até ela sabe que o ex-presidente está INELEGÍVEL.
Em Goiás é conhecidíssima a expressão de que “político sem mandato é marimbondo sem ferrão”.
Bolsonaro perdeu a chance de ampliar seu número de aliados, ao contrário, queimou pontes, acumulou desafetos e seu destino será a lata de lixo da história da Papuda.
Charge: Latuf