Especialista em saúde pública e ciências ambientais, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Carlos Machado dedicou seus últimos anos ao estudo da preparação e resposta a desastres no Brasil.
Ao lado de outros especialistas, Machado compilou o número de óbitos e internações causados imediatamente e ao longo dos anos por enchentes como a do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, em 2008.
Segundo ele, as vítimas das inundações no Rio Grande do Sul nas últimas duas semanas “são apenas a ponta do iceberg” do que pode ser uma tragédia muito maior.
“Cada desastre tem características muito próprias, mas em todos eles os registros [de óbitos iniciais] constituem só a ponta do iceberg em termos de impacto na saúde”, diz Machado, que foi indicado pela Fiocruz para fazer parte do Centro de Operações de Emergências para Situação de Chuvas Intensas e Inundações na Região Sul, instalado pelo Ministério da Saúde para responder à tragédia climática.
“Toda vez que um grupo de pesquisadores faz investigações sobre algum desastre e recupera os registros anos depois, descobre um número de óbitos e internações muito maior [do que o divulgado durante a crise]”, aponta o pesquisador, professor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp).