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Sandro Mabel: “Caiado me convenceu ao sacrifício da candidatura dizendo que tenho uma responsabilidade com Goiânia”

Pré-candidato a prefeito de Goiânia pretende implementar na cidade modelo que funciona no Sistema S e na iniciativa privada

Publicada em 14/04/24 às 14:26h - 31 visualizações

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Sandro Mabel: “Caiado me convenceu ao sacrifício da candidatura dizendo que tenho uma responsabilidade com Goiânia”
 (Foto: Rádio Rir Brasil - Itapuranga-Goias : Direção: Ronaldo Castro - 62 9 9 6 0 8-5 6 9 5 )

Sandro Mabel (UB) retorna como candidato a prefeito de Goiânia 32 anos após sua última disputa. Desta vez, além de mais experiência, o empresário conta com o apoio da base do governo estadual, que o escolheu justamente pelo perfil de político-gestor. As pesquisas revelam que o eleitorado goianiense deseja um prefeito que tenha provado na iniciativa privada ser capaz de resolver os problemas práticos do município, e o empreendedor possui uma carreira longa e bem sucedida.  

Afastado da vida pública desde 2015, quando se encerrou seu terceiro mandato como deputado federal, Sandro Mabel retorna à contragosto após quatro pedidos do governador. O “sacrifício”, como ele faz questão de ressaltar, foi feito mediante argumentos de Ronaldo Caiado (UB) de que Goiânia é uma causa maior, com a qual o empresário tem responsabilidades.

Nesta entrevista ao Jornal Opção, Sandro Mabel enumera seus projetos para o município. Solucionar o trânsito, o lixo, a educação, a saúde e a geração de empregos — todas as questões passam pela forma técnica e esclarecida de gerir. A solução para os problemas da cidade, diz Sandro Mabel, dependem de cortar gastos sem cortar pessoal, tornar processos ágeis, economizar com atividades desnecessárias; competências, enfim, de um gestor experiente. 

Ton Paulo — O senhor tem uma trajetória invejável e na gestão privada, com uma trajetória consolidada e estava afastado da política. Em algumas entrevistas recentes, o senhor negava veementemente a vontade de voltar para a disputa. O que o governador disse para te convencer a voltar?

Eu já tinha falado ao governador Ronaldo Caiado (UB) que eu estava fora do jogo completamente, até o último minuto. Ele me chamou para ser o candidato a prefeito da base uma, duas, três vezes. Na quarta vez, ele já apelou e disse que não estava convidando, mas me convocando [risos]. Ele disse que eu tinha que assumir essa missão e que, pela experiência que eu tenho em gestão, falou que eu tinha uma responsabilidade com Goiânia. A Prefeitura da Capital não precisa só de um político, mas de um gestor que possa colocar a cidade em pé, a saúde para funcionar, chegar a termos com os servidores da educação. Enfim, ele enumerou tudo que não funciona atualmente na cidade.

Eu tinha falado lá em casa que não me mexia mais com política, e pedi a ele um tempo para comunicar à minha mulher. Ele me comoveu ao dizer que tenho uma responsabilidade para com a cidade e o estado de Goiás. Tinha razões familiares para não disputar, mas Goiânia e o Estado são maiores do que essa minha conveniência. 

Eu falei para o governador: ‘tem tanta gente querendo, o senhor vai colocar eu, que não quero? Por quê?’ e ele respondeu: ‘Porque todos os políticos que querem, não conseguem resolver os problemas que foram se acumulando, e sei que você dá conta do recado’. A verdade é que, para seu projeto, o governador precisa de uma Capital que funcione. Ele já resolveu boa parte do problema de segurança, mas acredita que pode fazer mais se contar com uma parceria em Goiânia. 

Jornalistas Júnior Kamenach, Ton Paulo, Italo Wolff e Brenno Sarques entrevistam Sandro Mabel | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Coordenando a inteligência das polícias estaduais com as guardas municipais, vamos fazer um trabalho mais profundo. Esse é nosso projeto: quero que em Goiânia não se roube nem um chinelo. Temos de ter uma cidade cada vez mais segura. Já melhorou demais, mas pode ser cada vez mais segura.

Ele também lembrou das crianças, falou do problema com falta de creches e escolas do ensino infantil. A educação é uma área pela qual fiquei apaixonado após minha experiência no Sesi e Senai. Temos uma visão para melhorar o setor. Como parlamentar, nunca havia me envolvido, porque já existem muitos deputados que trabalham com educação. Trabalhei no Legislativo com o que faltava — infraestrutura, desenvolvimento, incentivo à indústrias. Mas, agora, acredito que vou poder colocar em prática tudo que aprendi. 

Italo Wolff — Quais boas práticas do Sesi e Senai o senhor acredita que podem melhorar a educação municipal?

Hoje, o Serviço Social da Indústria (Sesi) faz a gestão de cinco escolas públicas. Quando entrei no órgão, estávamos pegando a primeira, em Alto Horizonte, como teste. Descobri que podemos revolucionar o ensino. Temos sob a gestão do Sesi 1.800 alunos em apenas uma escola, que foi transformada. Lá, arrumamos a estrutura, melhoramos as condições de trabalho para todos os professores, demos formação continuada. 

Se você visita qualquer uma de nossas escolas, em Alto Horizonte, Flores de Goiás, Santa Maria, percebe nitidamente a alegria e empolgação dos professores e dos alunos. Eram escolas com poucos alunos, e têm ensino de informática, robótica, vamos implantar aulas de inteligência artificial para crianças a partir do primeiro ano do nível fundamental. É um ensino que prepara para o futuro. São essas ideias que me empolgam e que vamos adotar na rede municipal.

Quando entrei no Serviço Social do Comércio (Sesc), tínhamos R$ 160 milhões por ano de orçamento compulsório, que é o dinheiro que a gente arrecada das empresas. Desse total, R$ 10 milhões eram gastos em investimento e R$ 150 em custeio. No ano passado, foi exatamente o inverso: R$ 150 milhões para investimento e R$ 10 milhões para custeio. Para 2024, esperamos R$ 200 em investimentos e nenhum centavo para o custeio. Isso é possível porque, quanto melhores os resultados de uma instituição de ensino, maiores os incentivos dos mecanismos de fomento. 

Então, são essas mexidas e organizadas que um gestor aplica que fazem com que a máquina possa andar melhor. Uma vez corrigido um problema, você pode fazer novos investimentos. Esse tipo de coisa empolga a meninada, eles começam a pensar na vida diferentemente. O mercado hoje é muito severo com essa geração, que sai rebelde das escolas e não conseguem empregabilidade. Há uma recompensa para o adolescente que sai da escola com visão de mundo.

As empresas estão procurando por esses talentos, e os garotos vão criando ainda em sua formação as características para sair empregado, com alguma experiência, quando ele ainda está no terceiro ano do nível médio. Hoje, escolas militares ensinam a ter disciplina, mas é preciso que a escola também ensine essas capacidades que são úteis no mercado. 

“Precisamos abrir canais para ouvir a população e implementar suas sugestões”, diz Sandro Mabel | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Ton Paulo — Escolas militares cresceram no Estado. Qual é a vantagem do modelo Sesi e Sesc em relação a elas?

 São dois métodos bacanas de ensino. A escola militar é muito boa. A escola militar tem ênfase muito forte na ordem, e a nossa tem disciplina também. Inclusive, uma das escolas que gerimos no Sesi é dirigida por um militar. Lá, o jovem não sai questionando o professor, batendo no professor, nada disso. A diferença é uma ênfase no empreendedorismo, robótica, informática, educação financeira. Lá, se forma capacidades que aqueles meninos usarão em toda a vida.

Brenno Sarques — Em Goiânia, está em debate o Centraliza, que é mais um projeto de revitalização do centro e que está movimentando a prefeitura, movimentando a sociedade. Qual a sua opinião sobre o projeto? Qual a sua visão sobre como deveria ser o modelo de revitalização do centro de Goiânia?

Eu não tenho essa ideia formada ainda, até porque eu não vinha pensando nisso. Eu estou há dez anos fora da política e, nesse período, o que eu fiz foi estudar e trabalhar em gestão. Hoje, eu estou muito mais preparado do que há 32 anos, quando eu disputei minha primeira eleição aqui em Goiânia. Eu chamei uma equipe de profissionais para formar um grupo de trabalho que pode trazer algumas opiniões a respeito de projetos como o Centraliza. 

O que eu tenho certeza é que a iniciativa privada tem de estar junto. A requalificação do centro nunca será completa se a Prefeitura tentar fazê-la sozinha. A Prefeitura tem de criar os meios, facilitar com incentivos e direcionamentos; tem de possibilitar que as pessoas vão para o centro viver, investir, empreender. O poder público deve criar infraestrutura, por exemplo, caso se decida retirar a fiação dos postes e passar a distribuição de energia por debaixo da terra. Isso, certamente, temos condições e devemos fazer, associados ao governo estadual e à companhia de eletricidade.

Mas montar prédios novos e fazer reformas das fachadas, isso eu acho que é a iniciativa privada quem tem melhor condição para fazer. Recentemente, me disseram que, lá no Centro, caberia um centro de tradições nordestinas. Eu estranhei, mas me explicaram que 650 mil nordestinos migraram para Goiás. Isso significa 10% da população — sem contar os descendentes que vão nascendo aqui. Então, como existe o Centro de Tradições Gaúchas, poderíamos fomentar a cultura incentivando o mesmo para o Nordeste. São ideias muito interessantes que podemos acrescentar ao debate.

O fundamental é fazer com que o Centro seja um lugar seguro, com bons pontos turísticos, bons restaurantes, com atividades culturais. Podemos incentivar os chamados shoppings abertos, como os que se vê em Paris, com a Galeria Lafayette, por exemplo. O Porto Madero, na Argentina, foi feito pela iniciativa privada a partir de um porto abandonado. Esse grupo de trabalho vai ajudar a pensar em  incentivos para que o Centro seja ocupado. 

O Centro de Goiânia já tem características muito atrativas, como a art déco e o comércio têxtil. Já é um lugar cheio de atividade durante o dia. A municipalidade pode incentivar quem refaz as suas fachadas. Uma coisa vai fomentar a outra.

Ton Paulo — O senhor, como empresário, valoriza o papel da iniciativa privada. Privatizações estão no radar?

Por enquanto não acho que o município tenha grandes privatizações a serem feitas.

Italo Wolff — Nem a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg)?

Não. Nesse caso, não se trata de privatização. É claro que podemos estudar a execução de serviços por empresas, caso isso seja vantajoso para o município, mas fundamentalmente, acho que a Comurg precisa de uma gestão diferenciada. Os servidores da Comurg querem trabalhar, e que seu trabalho dê resultados. Agora, se o funcionário poda a árvore e os galhos ficam no chão por dias até vir uma carreta buscar, isso desanima o trabalhador. 

Temos de ser mais inteligentes. Tem que ter um estudo dos processos. Não podemos ficar perdidos em dez processos burocráticos e ineficientes para fazer coisas simples. Se o transporte quebrar, a turma não pode ficar sem trabalhar por dias. Entendo que Goiânia precisa ser mais limpa, e precisam existir até mais funcionários na Comurg; o que não pode existir é o gasto com coisas que não estão ligadas à atividade fim, com má gestão. Todo recurso que se desvia no meio precisa ser cortado.

Sandro Mabel: “[adversários da direita] têm de parar de olhar apenas para o próprio umbigo e apoiar uma candidatura que vai ajudar a cidade” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Para agilizar os serviços da Comurg, podemos montar administrações regionais nos locais onde a Companhia é mais solicitada. Se uma patrola é necessária lá na periferia, ela não pode atravessar a cidade toda. Esse estudo de tempos e movimentos, que não é feito hoje, significa mais eficiência. Se você fizer tudo isso, chega ao final do mês e o dinheiro sobra. Com o recurso excedente, você pode comprar mais computadores para informatizar o processo que hoje é analógico, e isso por sua vez faz mais recursos sobrarem e daí por diante.

Então, todas as áreas que necessitam de estudo e conhecimento vão ser analisadas. Eu volto a dizer: estou na pré-campanha há apenas sete dias, então não conheço a Comurg por dentro ainda; estou preocupado em vencer as eleições. Mas tenho uma equipe que se debruça sobre o assunto para resolver os problemas de forma técnica. 

Italo Wolff — O mesmo serve para o trânsito?

Em 100 dias de mandato, eu arrumo uma boa parte do trânsito.  Basta acabar com esses sinaleiros que ficam dessincronizados e semáforos que ficam em lugares desnecessários, permitir uma série de conversões à direita onde são proibidas, enfim, um estudo da logística da cidade. Isso é relativamente simples e barato. 

Eu quero ouvir os motoristas de aplicativos, taxistas, entregadores, gente que anda na cidade. Vamos criar um grupo para sermos informados por esses cidadãos, que estão perdendo tempo e dinheiro no trânsito desnecessariamente.

Quando eu estava na Mabel, passava as férias em Sergipe, onde tínhamos uma fábrica. Eu pegava uma cadeira, uma mesa, sentava lá e falava com os trabalhadores: ‘Tem R$ 4 mil aqui em cima da mesa, vou dar para quem me trouxer quatro boas ideias que possam ser aplicadas’. O povo ficava maluco. Chegavam centenas de ideias e muitas delas foram aplicadas. 

Por que o funcionário teve essa boa ideia, e não o gestor? É porque o trabalhador sabe como faz, vê o problema de perto e pensa neles o dia todo. E por que ele não tinha falado como solucioná-lo antes? Por que faltava razão, ele nem acreditava que seria ouvido. Precisamos abrir canais para resolver certas coisas com a própria população.

Além disso, é claro, tem o investimento. Daqui a 15 dias vou a São Paulo para um encontro com o pessoal da Google. Quero estudar as ferramentas que eles têm de monitoração de trânsito e de coordenação semafórica. Precisa colocar essas inovações que são utilizadas no mundo inteiro em Goiânia. 

As pessoas dizem que a cidade mal consegue manter o que tem, e me perguntam de onde vou tirar dinheiro para investir. Vou economizar cortando tudo que não tem a ver com a atividade final. Todos os processos que consomem dinheiro, ou onde há desvios, e cortar tudo. Não vou cortar funcionários porque precisamos de mais gente, mas precisamos pensar em contribuir mais, trabalhando de forma mais eficiente.

Brenno Sarques — E quanto à fiscalização do trânsito? O senhor pretende intensificar também a superintendência municipal de trânsito, com mais guardas, câmaras, pardais?

A multa não é o essencial; eu acredito na multa como ferramenta de educação, mas não como instrumento de arrecadação. Mas, para que a multa tenha efeito educativo, é preciso que o motorista tenha a opção de fazer a coisa certa. Se ele não tem onde parar e passa por uma emergência, ele vai parar em cima da calçada, apostando que pode sair sem uma multa e sabendo que não há alternativa.

No Setor Campinas, por exemplo, se você não impor um tempo limite para os carros ficarem estacionados, você sempre vai ter carros em locais proibidos, não importa a multa. Acho que a multa para quem parar em cima da calçada não deveria ser de R$ 200, mas de R$ 700, desde que haja condição de dirigir corretamente. Caso contrário, você só sairá multando de forma arrecadatória.

Junior Kamenach — O senhor acredita que atrair indústrias para Goiânia seria uma boa ideia?

Precisamos parar de concentrar as habitações de um lado da cidade e os empregos do outro. No mundo inteiro, as cidades mais modernas não levam o trabalhador para longe de casa trabalhar, elas trazem o trabalho para perto da casa dos trabalhadores. Não tem cabimento você criar alguns tipos de indústrias, como na área de informática, na região Noroeste da cidade, porque você vai deslocar um número grande de pessoas desnecessariamente. Parte do problema do trânsito de Goiânia passa por isso. 

Não se trata de atrair indústrias com chaminé, poluição das águas, não é isso. Mas, em São Paulo, já existem núcleos, bairros de onde as pessoas só precisam sair para passear. Quem mora nos Jardins, no Alpha Ville, fica lá, pois há comércio, escolas, empregos. Não é montar um grande distrito industrial, mas atrair indústrias modernas, pequenas, para criar núcleos de informática, de costuras, em locais onde exista cursos para formar mão de obra para aquelas empresas. Precisamos incentivar modelos modernos para a cidade. 

Sandro Mabel: “Vanderlan Cardoso poderia ajudar Goiânia lá no Senado” | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Ton Paulo — O senhor disse em uma entrevista recentemente que esperava contar com apoio dos partidos Republicanos e PL. Como estão as conversas para consolidar essa aliança?

Tenho conversado com todos os partidos, inclusive Republicanos e PL. Conversei com o próprio prefeito também, antes de saber que sairia como pré-candidato. Falei Adriana Accorsi em seu aniversário, disse a ela: ‘Parabéns, espero que seu presente venha em outubro com a sua eleição’; e depois que me tornei pré-candidato liguei para a Adriana e disse: ‘Mantenho as felicitações, mas vou tomar o presente de volta’ [risos].

Converso com todos porque o tempo é curto e tenho de agir, falando com vereadores e partidos em busca de apoio. Falo frequentemente com o Bruno Peixoto (UB), que está me ajudando muito. Bruno Peixoto, presidente da Assembleia, tem quatro partidos em sua base. Nessas conversas com as chapas, busco ir mostrando meu projeto para a cidade, argumentando, porque ninguém ainda sabe o que eu vou fazer. Vocês estão sabendo hoje, aqui, porque eu não era pré-candidato até a semana passada.

Se sair uma pesquisa amanhã ou em 30 dias, eu vou estar lá embaixo nas intenções de votos, porque tive menos tempo para fazer esse convencimento. Eu não era pré-candidato e agora tenho de correr atrás do tempo. 

Como sou empresário há muitos anos, eu já era identificado com o perfil que o eleitorado deseja segundo pesquisas qualitativas, mas nunca autorizei que meu nome fosse colocado nas pesquisas, porque realmente não iria concorrer. Acredito que esse perfil é uma vantagem; nas empresas por onde passei, consegui levar adiante e fazer um bom trabalho. E aqui, em Goiânia, vou fazer do mesmo jeito.

Italo Wolff — Nesse perfil de político empresário, temos outro pré-candidato, Vanderlan Cardoso (PSD). Como o senhor pretende se diferenciar dele? Como candidato, qual será a diferença entre você e Vanderlan?

Nenhuma. Já fui à casa e ao escritório dele para convencê-lo a me apoiar. Falei: ‘Vanderlan, “larga mão” dessa candidatura. Fui eu que o coloquei na política, em Senador Canedo. Na época, ele veio me pedir para tirar um candidato que eu estava colocando na cidade, e eu respondi: ‘Se você não arrumar outro pra substituí-lo em 30 dias, você vai ser candidato’. Ele foi candidato, foi eleito, e transformou Senador Canedo. A cidade era muito ruim, e hoje as pessoas têm orgulho de serem canedenses. 

Nessas conversas, Vanderlan me diz que demorei para fazer esse pedido de apoio, ele diz que já está avançado em sua pré-campanha e que não há mais volta. Mas o que eu digo é que não tem sentido nós dois sairmos candidatos com o mesmo perfil, as mesmas propostas. Além disso, não faz sentido perdemos um grande senador, que é membro da segunda comissão mais importante no Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (Cae). 

“Como candidato, não há diferença entre Vanderlan e eu”,

Sandro Mabel

Seria muito mais benéfico para a cidade se ele permanecer no Senado, debatendo a reforma tributária, que vai afetar muito o estado de Goiás, as empresas, o município. Precisamos de gente como ele lá, em Brasília. Tenho conversado nessa linha com ele, em busca de um acordo, para que ele possa nos ajudar, porque ele já tem o mandato dele lá, que serve de reforço para a Prefeitura de Goiânia indiretamente.

Mas, se ele tiver de disputar, não tem problema. Eu não tenho interesses políticos de ser governador ou senador, não estou pensando em 2026. Meu interesse é fazer um bom mandato na Prefeitura. Então, tudo depende do que ele pensa para seu futuro. 

Eu acho que, da mesma forma como me sacrifiquei ao aceitar a disputa municipal pelo bem da cidade, outros devem sacrificar um pouco os seus planos se isso for benéfico para Goiânia. Ele poderia ajudar Goiânia em Brasília, e a esposa dele, Izaura Cardoso (PSD), já está saindo como pré-candidata EM Senador Canedo também.

Ton Paulo — E o PL? Como está a conversa sobre apoio? A vice pode vir do PL?

Tem possibilidade. Eu sou muito ligado ao PL, fui líder da bancada do partido quando ele tinha 18 deputados e, junto com o presidente Valdemar Costa Neto, o levamos para 51 deputados. O Valdemar gosta muito de mim, bem como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas o Wilder Morais (PL) tem os interesses políticos dele; ele quer ser governador e acredita que se eu for prefeito, vou apoiar o Daniel Vilela (MDB), seu concorrente, em 2026. Eu não penso nessas coisas, porque meu interesse é apenas Goiânia em 2024. 

O que tenho falado para todos é que Goiânia está em uma situação de emergência. Eu entrei na disputa porque o governador mostrou a importância de fazer sacrifícios pela cidade. Acho que todos eles têm de parar de olhar apenas para o próprio umbigo e vir ajudar a cidade. Não é só a eleição para prefeito em Goiânia que vai decidir o futuro sozinha. Pense em 2026 após consertarmos a cidade. 

Italo Wolff — E as conversas com o MDB?

O MDB é o nosso principal parceiro. O MDB tem essa visão de realmente fazer do Daniel Vilela um grande nome para o futuro. Daniel vai ser governador daqui a pouco tempo e, depois, vai ser candidato à reeleição. Estamos em parceria nesse ponto.

““Minha declaração foi distorcida. Ana Paula Rezende é boa gestora, o marido a complementa”, diz Sandro Mabel | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Ton Paulo — Em entrevista recente, senhor deu uma declaração sobre a Ana Paula Rezende (MDB) que se tornou polêmica. O senhor disse que ela seria uma boa vice porque o marido dela é gestor…

Eu não falei isso. Acabamos de ver em Goiânia a importância do vice. Eu votei no Maguito Vilela, mas quem entrou? Um vice que não estava preparado. Eu gosto muito do Rogério Cruz (Solidariedade), mas ele não é um gestor. Nessa entrevista, o que eu disse foi que o vice deve estar preparado, precisamos discutir a questão do vice. Tenho 65 anos e posso morrer e, já que acabamos de passar por esse trauma, preciso ter um bom vice.

O que eu disse na entrevista foi que a Ana Paula é uma boa vice, porque além de ter visão de política, acompanhou o pai, Iris Rezende, aprendeu a fazer gestão, e falei que ela tem junto de si um companheiro que também vem da área de gestão. Não falei que ela é boa por conta do marido dela, eu disse que eles se complementam. Se precisar dele, o marido tem a condição de aconselhar. 

Ton Paulo — O senhor acha que essa declaração foi distorcida?

É lógico que foi distorcida. A discussão era sobre o vice não ser apenas uma conveniência política. O vice tem de ser discutido, e ninguém olha para o pré-candidato a vice. Mas essa é uma discussão que vai passar por articulações políticas até que possamos definir melhor um nome. 

Brenno Sarques — Na atual situação, vemos vários possíveis candidatos no campo da direita e vemos, na esquerda, Adriana Accorsi correndo sozinha. Essa pulverização não pode atrapalhar a direita na disputa?

O que vai acontecer é que, no segundo turno a direita se aglutina. Apesar disso, acredito que posso ter votos de centro e centro-esquerda, porque eu transito facilmente. Tenho apoio de vários sindicatos de trabalhadores, tradicionalmente de esquerda, porque eles me conhecem e sabem da minha competência. 

Além disso, nas eleições municipais, ter uma visão de gestão é mais importante do que a questão ideológica. A pessoa pensa na cidade em que mora, pensa no lixo que está ali na sua rua. O eleitor hesita em perder um bom administrador só por ser de esquerda ou direita. As pessoas de todas as ideologias moram na mesma cidade. 




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