O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ministros na manhã desta quinta-feira (14) para discutir formas de reduzir os preços dos alimentos. Após o encontro, os ministros atribuíram à crise do clima a alta nos gêneros alimentícios, que vem desde o final do ano passado. E disseram esperar redução já a partir do próximo mês. Ao mesmo tempo, o governo prepara mudanças no Plano Safra, para estimular a produção de alimentos, especialmente de arroz, feijão, milho, trigo e mandioca.
Entre janeiro e fevereiro, a inflação do grupo Alimentação e Bebidas registrou desaceleração, de 1,38% para 0,95%. Ainda assim, produtos como cebola (7,37%), batata inglesa (6,79%), frutas (3,74%), arroz (3,69%) e leite longa vida (3,49%), registraram altas expressivas, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que o IBGE divulgou nesta semana.
No atacado, no entanto, os preços já começaram a cair. De acordo com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o arroz, por exemplo, teve queda no preço pago aos produtores de R$ 120 para cerca de R$ 100 por saca. “O que esperamos é que se transfira essa baixa dos preços, os atacadistas abaixem também na gôndola do supermercado, que é onde as pessoas compram”, afirmou.
“De fato, é uma preocupação do presidente que a comida chegue barata na mesa do povo. Todas as evidências é de que já baixou (o preço). Teve uma diminuição de preço ao produtor e terá uma diminuição ainda maior de preços ao produtor. Esse aumento ocorreu em função de questões climáticas”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
Clima
Ele ainda destacou os impactos do clima. “O que determina que esse aumento ocorreu em função de questões climáticas, que foram muito importantes no Brasil, todo mundo assistiu o excesso, a alta temperatura no Centro-Oeste, as chuvas ocorridas no Sul do Brasil, enfim, foi um aumento sazonal, a tendência agora é diminuir”, disse Teixeira.
“O Rio Grande do Sul produz praticamente 85% do arroz consumido no Brasil e tivemos enchentes exatamente nas áreas produtoras, o que deu certa instabilidade”, detalhou Fávaro. “A gente espera que, com o caminhar da colheita de arroz, que chegamos a 50%, 60% nos próximos dias, que esse preço ainda ceda um pouco mais. É a tendência natural. Mas reforçar que é importante que os atacadistas repassem estes preços ao consumidor”, acrescentou.
Aumento da produção
No Plano Safra, que será lançado no meio deste ano, o governo pretende incentivar a produção de arroz, feijão, trigo, milho e mandioca em áreas próximas aos centros consumidores. Facilitação de crédito, formação de estoques públicos e política de preço mínimo também devem fazer parte do “arcabouço” para a redução dos preços dos alimentos.
Fávaro explicou que o objetivo é estimular principalmente a agricultura familiar, com a atuação fundamental da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Se com essas medidas estruturantes os preços não baixaram nós podemos tomar outras medidas governamentais que serão estudadas pela equipe econômica”, acrescentou. Assim como os agricultores familiares, os grandes produtores do agronegócio também serão atendidos, frisou o ministro.
Além de Fávaro e Teixeira, o ministro Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, também participaram da reunião com o presidente Lula.
Meta é acabar com a fome
Apesar da recente alta nos alimentos, o número de brasileiros passando fome caiu de 33 milhões, em 2022, para 20 milhões no ano passado. É o que aponta pesquisa do Instituto Fome Zero (IFZ), encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). A organização observa que os dados são preliminares.
Assim, o resultado representa redução de 30% da insegurança alimentar no país. Fatores como a queda no desemprego e o aumento da renda explicam a queda no número de pessoas que sofrem com a falta de alimentos. Na semana passada, Lula reafirmou a que o combate à fome é “prioridade zero” do seu governo.