O Brasil chega à cúpula do clima da ONU (COP 28) determinado a mostrar que o país mudou radicalmente sua política ambiental no último ano. O principal "troféu" que o governo brasileiro pretende apresentar é a redução no desmatamento da Amazônia segundo dados do começo deste mês — depois de forte crescimento ao longo dos quatro anos da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, o mesmo país que tenta cobrar do mundo um compromisso maior contra as mudanças climáticas também tem alguns "esqueletos" no seu armário, quando o assunto é meio ambiente.
Ambientalistas elogiam a atuação do primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — principalmente quando comparado com a gestão anterior — mas ressaltam que pautas importantes no Congresso correm o risco de minar o discurso ambiental que o governo tenta apresentar na COP28.
Entidades ambientalistas alertam para mudanças no Congresso brasileiro que podem dificultar a demarcação de terras indígenas, beneficiar grileiros de terras, favorecer o uso de agrotóxicos e facilitar os processos de licenciamento ambiental — todas pautas que pesam contra o discurso do atual governo brasileiro de que o país está avançando na proteção do meio ambiente.
Segundo Stella Herschmann, especialista ambiental do Observatório do Clima, todas essas pautas têm chances reais de serem aprovadas, principalmente por causa da composição política do Congresso, que não compartilha da agenda ambiental do governo federal.