A próxima semana promete ser quente na CPMI dos Atos Golpistas. Personagem que se transformou em peça-chave das investigações, que chegam cada vez mais perto de Jair Bolsonaro, o hacker de Araraquara, Walter Delgatti Neto, irá depor na próxima quinta-feira, 10 de agosto. Antes, na terça (8), será ouvido o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que era secretário de Segurança Pública do governo do Distrito Federal no 8 de janeiro, quando as hordas bolsonaristas invadiram, atacaram e depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília.
O hacker já disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) o contratou para invadir as redes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir dados falsos em seus sistemas.
Fatos novos não param de surgir. Na última terça-feira (1°), no âmbito da CPMI, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) denunciou, a partir de documentos que chegaram ao colegiado, que em 26 de outubro de 2022 Bolsonaro e sua esposa Michelle receberam uma caixa contendo pedras preciosas. O material estava ocultado e se tornou clandestino, pois não consta, como deveria, da lista de 1055 itens recebidos durante o mandato.
Venda de relógio
Na sexta-feira (4), mais novidades. Apareceram mensagens de e-mail do ex-ajudante de ordens Mauro Cid tentando negociar um relógio Rolex recebido pelo então presidente em viagem oficial.
À RBA, Jandira Feghali diz que as informações sobre as pedras preciosas serão enviadas à PF. “Localizamos isso entre mil mensagens, que estavam no e-mail institucional do Planalto de 26 de outubro a 11 de novembro. Temos as datas em que provavelmente as pedras foram retiradas do chamado ‘grande cofre do Planalto’. Vamos dar essa contribuição à Polícia Federal e ao Supremo Tribunal Federal”, diz.
Jandira e os deputados Rogério Correia (PT-MG), Duarte Jr. (PSB-MA), Henrique Vieira (Psol-RJ) e Rubens Pereira Junior (PT-MA), e os senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP), Fabiano Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO) entraram na Procuradoria-Geral da República (PGR) com pedido de investigação sobre o caso. Além de PGR, STF e PF, será enviada representação ao Tribunal de Contas da União (TCU).
“E agora surge a história de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro) querer vender o Rolex que estava no mesmo kit das joias sauditas, por 60 mil dólares. Deveria estar registrado como presente ao presidente da República, mas estava na mão deles. Estão se especializando em contrabando, em esquema clandestino de comercialização de joias, pedras e adornos”, diz Jandira.
“Uma facção criminosa”
“Aquilo não era um núcleo de governo, era uma quadrilha organizada, uma facção criminosa”, afirma a deputada. Segundo ela, de posse de dados, a tendência é a CPMI “esquentar e produzir algo muito concreto, provas desse esquema e da relação disso com o golpe e os atos antidemocráticos”
Em seu perfil no Twitter, o deputado Rogério Correia afirmou estarem confirmadas as oitivas de Anderson Torres na terça (8) e do hacker de Araraquara na quinta (10), “para desgosto dos golpistas”. Segundo a postagem do parlamentar, “será a semana mais quente e esclarecedora da CPMI”.
Apesar das circunstâncias comprometedoras para Jair e Michelle, o presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), responsável pela pauta, recusou colocar em votação Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs), do Conselho de Controle de Atividade Financeiras (Coaf), referentes às movimentações nas contas do casal e Bolsonaro.
Maia também não pautou um requerimento extra pauta sobre o tema, assim como a convocação de um auxiliar da ajudância de ordens que aparece copiado em e-mail sobre o “cofre grande” onde estava o envelope contendo as “pedras preciosas para o PR (presidente da república) e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD (primeira-dama)”, conforme diz o e-mail revelado.
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Fonte: RBA