Na manhã desta segunda-feira (24), cerca de 600 pessoas do Movimento dos Sem Terra (MST) invadiram a fazenda São Lukas, em Hidrolândia, no interior do Goiás. É a segunda vez que a fazenda é ocupada pelo MST em 2023. A área já tinha sido ocupada uma primeira vez em março deste ano, durante a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra. Já são cerca de 60 invasões contabilizadas esse ano, com um crescimento de mais de 150% desde o início do terceiro Governo Lula.
A nova invasão da propriedade pelas famílias busca chamar atenção do Governo Federal para a situação da fazenda, que integra o patrimônio da União desde 2016. A reivindicação das famílias é que a propriedade seja destinada para a constituição de um novo assentamento. Além disso, elas também cobram o assentamento das mais de três mil famílias existentes no estado.
Segundo o movimento, antes de ser incorporada ao patrimônio da União, a fazenda São Lukas pertencia a um grupo criminoso condenado em 2009 por crimes de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas.
“Acreditamos que a terra não pode ser usada para a exploração. Seja a humana – como os crimes sexuais, de trabalho análogo à escravidão e outros – ou aquelas explorações que destroem a terra por meio do uso de agrotóxicos, do monocultivo, do uso intensivo de água, da apropriação dos bens comuns da natureza”, diz um comunicado do MST.
“Exigimos que a fazenda São Lukas seja destinada para fins de Reforma Agrária. Nela, superaremos o histórico de exploração e a usaremos para produzir alimentos saudáveis e dar de comer às pessoas que têm fome”, destaca a nota emitida após a invasão.
Na primeira vez em que foi ocupada, a Polícia Militar de Goiás, mesmo sem mandado de reintegração de posse, despejou as famílias que tinham ocupado a área. A expectativa das famílias é que, desta vez, elas possam permanecer na propriedade e avançar na constituição do assentamento.
Na época da primeira invasão, a Polícia Militar de Goiás afirmou que “esteve presente no local, acompanhou e adotou as ações necessárias para garantir a segurança de todos os envolvidos”. A entidade afirmou que, até o começo da noite deste sábado, 25, os sem-terra saíram da fazenda “de forma cuidadosa, após conversas e incidentes. Não houve necessidade de intervenção policial”.
Naquela oportunidade, a PM-GO assegurou que a ação “desinvasão” de terra ocorreu de maneira cooperativa. “A Polícia Militar acompanhou a retirada dos ocupantes, garantindo sua segurança, providenciando ônibus para transporte, apoio médico e de alimentos”, disse o texto da PM.