O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (19) que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, em Belém, será uma oportunidade para que o mundo conheça de perto a realidade amazônica. O evento acontecerá em 2025.
Lula voltou a cobrar os R$100 bilhões prometidos pelos países desenvolvidos para combater a mudança climática. Lula afirmou que fará a cobrança aos países no fim do ano, quando autoridades se reunirão nos Emirados Árabes Unidos para a COP 28, conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas).
Em 2009, na COP 15, em Copenhagen, os países ricos assumiram o compromisso com os países em desenvolvimento de contribuir com US$ 10 bilhões ao ano, entre 2010 e 2012, e com US$ 100 bilhões ao ano a partir de 2020, para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Estimativas recentes, no entanto, apontam a necessidade de US$3,5 trilhões por ano para combate às mudanças climáticas. De qualquer maneira, a promessa ainda não foi cumprida pelos Estados Unidos e União Europeia.
“A gente vai cobrar [a promessa] porque se não tiver dinheiro para os países que ainda têm floresta para ser preservada é normal que o povo pobre que mora nesses estados [amazônicos] continue com essa necessidade [de explorar a floresta]”, disse.
Em abril, o presidente americano Joe Biden anunciou a contribuição dos EUA de R$2,5 bilhões para o Fundo Amazônia. Ele ainda precisa de aprovação do Congresso para a liberação dos recursos. Na avaliação do presidente Lula, a realização da COP 30 em Belém (PA) vai mudar a visão do mundo sobre a floresta amazônica.
“As pessoas tanto falam da Amazônia no mundo inteiro, agora vão falar da Amazônia dentro da Amazônia. Vão conhecer o Rio Amazonas, o Rio Tapajós, vão conhecer nossas florestas, vão conhecer como vivem os povos indígenas e ribeirinhos, para aí começarem a discutir com base na realidade”, disse, na segunda edição da live “Conversa com o Presidente”, promovida pela comunicação do governo.
O presidente destacou que o governo federal já está trabalhando em parceria com o governo paraense e a prefeitura de Belém para preparar a cidade para o evento. Dezenas de milhares de visitantes devem passar pela cidade, que receberá reforços na rede hoteleira e investimetnos em infraestrutura aeroportuária, drenagem de canais e rios para aportagem de navios de cruzeiro na capital paraense.
A questão ambiental foi o principal tema da conversa do presidente com o jornalista Marcos Uchôa nesta segunda. Lula enviou ministros ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina, atingidos por um ciclone que já causou pelo menos 13 mortes. Além de prestar solidariedade às vítimas, ele disse que é importante que os governos façam uma reflexão sobre a frequência com que esses tipos de desastres vêm acontecendo.
Lula voltou a defender o respeito às leis ambientais. Assim como fez na entrevistas a um pool de rádios em Goiás, o presidente destacou que não somente a Amazônia, mas também o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pantanal e a Caatinga vão ser defendidos fortemente pelo seu governo. Ele ressaltou que toda estrutura do governo federal, desde o Ibama, passando pela Polícia Federal, Força Nacional e AGU serão usados na defesa do meio ambiente e na punição àqueles que fazem queimadas, grilagem de terras, garimpo ilegal e extração irregular de madeira.
“Isso é um aviso à humanidade e aos governantes: nós estamos ferindo o planeta. Se a gente não tomar cuidado, se a gente não cuidar da nossa água, de nossas florestas, se a gente não evitar emissões de gases do efeito estufa, se a gente não cuidar do ar que nós respiramos, estamos nos condenando ao fim”, alertou.
Conversa com o Papa e com Macron
A ideia é que a live de Lula aconteça sempre às terças, mas nesta semana o programa foi antecipado devido à viagem do presidente à Europa. Ele desembarca na Itália, onde terá reuniões com líderes políticos do país e com o papa Francisco, em Roma.
“Ele [o papa] foi muito solidário a mim em todos meus processos. Eu telefonei para ele, falei com ele que gostaria de ir a Roma fazer uma visita de agradecimento por tudo que ele fez por mim quando eu estava [preso] na Polícia Federal”, disse. Entre os assuntos que serão discutidos com o líder católico está também a guerra entre Ucrânia e Rússia. Lula afirmou que o papa está “muito interessado” na promoção da paz.
A viagem vai contar também com uma passagem pela França, onde Lula vai se encontrar com o presidente do país, Emmanuel Macron, e discursar no festival de música “Power Our Planet: Live in Paris”, a convite da banda Coldplay. O evento, beneficente, tem como objetivo o combate à extrema pobreza.
“Reunião extraordiária”
Lula aproveitou a live para comentar a última reunião ministerial, que parte da imprensa criticou por ter considerado “longa demais”. Ele esteve reunido com o primeiro escalão de seu governo por cerca de nove horas.
“A reunião para mim foi extraordinária, excepcional. A primeira reunião que teve aplausos no final da reunião, porque todo mundo saiu satisfeito”, contou. “A gente deu uma harmonizada na equipe do governo. Muitas vezes a gente não se reúne, cada um começa a falar uma coisa, a responder uma fofoca de jornal. É importante harmonizar a linguagem do governo em torno de um objetivo único que é fazer o Brasil dar certo”, concluiu.
Com informações do Brasil de Fato – foto de Ricardo Stuckert