Quase sete anos após ver sua empresa virar alvo da operação Lava Jato, o empresário Emílio Odebrecht, de 78 anos, decidiu dar sua versão da história. Na primeira semana de maio, o dono de um dos principais grupos empresariais do país lança um livro de memórias em que culpa os investigadores por uma tentativa de destruir a Odebrecht.
A acusação está estampada já no título da obra: “Uma Guerra contra o Brasil – como a Lava Jato agrediu a soberania nacional, enfraqueceu a indústria pesada brasileira e tentou destruir o Grupo Odebrecht”. A orelha do livro, editado pela Topbooks, é assinada pelo escritor e biógrafo Fernando Morais, autor de “Chatô, o rei do Brasil”, “Olga” e, mais recentemente, “Lula: biografia”.
Fundada há quase 80 anos pelo pernambucano Norberto Odebrechet, pai de Emílio, a construtora Odebrecht, hoje Novonor, tornou-se um dos maiores grupos empresariais brasileiros, com atuação em mais de 20 países.
A divulgação do livro de Emílio Odebrecht, que é baiano de Salvador, ocorre em meio a iniciativas para por em suspeição os acordos de leniência feitos por empresas alvos da Lava Jato. Partidos aliados do Palácio do Planalto recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir que os pagamentos decorrentes dos acordos sejam suspensos.
Preso por dois anos e cinco meses em Curitiba, Marcelo Odebrecht, filho de Emílio, confessou em depoimento que a construtora fazia pagamento de propina para políticos, incluindo a “conta italiano”, exclusiva de recursos para o PT e o Instituto Lula. Ao todo, 77 executivos da empresa fizeram delação premiada.
Apesar das confissões que fez contra vários políticos brasileiros, Marcelo Odebrecht foi ouvido pela Polícia Federal do Rio Grande do Norte em 2018 e fez ZERO atuação sobre políticos do Estado na ocasião.
Fonte: Estadão