“As chamadas plataformas, grandes empresas que ganham dinheiro com a divulgação da violência, estão cada vez mais ricos. Alguns são os empresários mais ricos do planeta Terra. E continuam divulgando qualquer mentira, não tem critério”, disse Lula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta terça-feira (18), que há uma predominância na pregação da violência no ambiente da internet, e que a sociedade e as famílias devem assumir a responsabilidade pelo processo educacional das crianças e adolescentes. Para ele, as plataformas digitais devem ser responsabilizadas pelo conteúdo que ajudam a disseminar.
“Não é possível que eu possa pregar o ódio na rede digital, que possa ficar fazendo propaganda de arma, ensinando criança a atirar, é isso que vemos todo santo dia. A verdade é que uma criança de 6 anos, 9 anos, ela repercute na escola o que ela ouve dentro de casa”, disse, destacando que o Plano Nacional de Educação (PNE) prevê que a comunidade tem que assumir responsabilidade pelo que acontece nas escolas.
“As chamadas plataformas, grandes empresas que ganham dinheiro com a divulgação da violência, estão cada vez mais ricos. Alguns são os empresários mais ricos do planeta Terra. E continuam divulgando qualquer mentira, não tem critério. Por isso, eu resumiria essa reunião aqui na frase do Alexandre de Moraes: as pessoas não podem fazer na rede digital aquilo que é proibido na sociedade”, disse Lula, que ao final do discurso voltou a agradecer o ministro, a quem se referiu como um dos maiores especialistas no tema.
Para Lula, há uma mudança de padrão de comportamento na sociedade e não é possível permitir que o ódio prevaleça. “Quando a criança de 8 anos acha que arma é solução, ela viu na Bíblia? Não. No livro escolar? Não. Ela ouviu do pai ou da mãe dentro de casa e é por isso que precisamos ter em conta que sem a participação dos pais a gente não recupera um processo educacional correto nas escolas”, argumentou.
“Nós estamos diante de um fato novo, porque a violência existe desde que a gente nasceu, a periferia desse país é tomada de violência todos os dias e morre muita criança e menor. O fato novo é que invadiram o lugar que, para nós, é tido como lugar de segurança. É verdade: toda mãe quando leva o filho para a escola ou para a creche, ela tem certeza que o filho está seguro. Isso ruiu. Ruiu porque temos um instrumento avassalador. As redes, que nós não deveríamos chamar de rede social, mas de rede digital. E tem a rede digital do bem e do mal. E há uma predominância da rede digital do mal. As pessoas gostam de mentira, de fake news. É só ver como foi a última eleição”, disse Lula na reunião onde estavam presentes políticos simpáticos a Jair Bolsonaro, como o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL-SC).
Lula comandou, no Palácio do Planalto, uma reunião com os chefes dos poderes Judiciário e Legislativo, ministros de Estado, governadores, entidades representativas de prefeitos e parlamentares para discutirem políticas de prevenção e enfrentamento à violência nas escolas. A ideia é criar estratégias de promoção da paz nas instituições educacionais e de combate aos discursos de ódio e ao extremismo.
Fomento
O governo federal também anunciou um programa de fomento para implementação de ações integradas de proteção ao ambiente escolar. As medidas somam R$ 3,115 bilhões para infraestrutura, equipamentos, formação e, principalmente, apoio e implantação de núcleos psicossociais nas escolas.
Para o presidente Lula, elevar muros e instalar detectores de metais não é a solução. “Não vamos transformar as escolas em prisão de segurança máxima, que não é a solução. Nem tem dinheiro para isso e nem é politicamente correto, humanamente e socialmente correto”, disse.
“Eu fico imaginando as crianças sendo revistadas nas escolas. Como seria patético para os pais, para o prefeito, para o governador, para o presidente da República, para as instituições desse país, uma criança de 8 anos ter que mostrar a mochila.”
O ministro da Educação, Camilo Santana, também propôs que estados e municípios criem comitês de discussão com as comunidades locais sobre a proteção ao ambiente escolar. “Esse é o momento de unirmos a todos, independente de questões políticas, partidárias ou ideológicas, o que está em jogo é a vida de crianças e jovens nesse país”, disse.
Com Agência Brasil