Convidado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a chefia do Ministério da Educação (MEC), o ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT), é um dos responsáveis por alavancar o Estado ao posto de melhor alfabetizador do país.
A qualidade da educação cearense, mesmo sem incentivo do governo federal nos últimos anos, é comprovada por dados oficiais do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgados em setembro deste ano. O levantamento assinala que 87 das 100 melhores escolas públicas nos anos iniciais (1° ao 5°) do ensino fundamental no Brasil são do Ceará.
Mas nem sempre foi assim, em 2007, a projeção para o Ideb nos anos iniciais do Ensino Fundamental no Ceará era de 3,2. O índice alcançado pelo Estado foi de 3,8. Mais recentemente, em 2019, o Ceará registrou 6,4. Apenas na 8ª série do ensino público – correspondente ao 9º ano – o Ceará aparece na liderança, empatado com São Paulo, com 5.2 pontos.
Reportagem do jornal O Globo aponta que as estratégias utilizadas pelo ex-governador na área como implementação de políticas públicas estratégias contribuíram fortemente para esta conquista.
Governador do Ceará entre 2015 e abril de 2022, Camilo Santana buscou estratégias para melhorar a qualidade na educação básica. Ao lado da atual governadora e futura secretária de Educação Básica do Brasil, Izolda Cela.
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“Colaboração, aprimoramento de professores e escolha de diretores por critérios técnicos e não políticos ajudaram estado a melhorar índices de aprendizagem”, destaca a reportagem.
No começo desse ano, o então governador anunciou um programa para universalizar o ensino médio integral (mais de sete horas de aula por dia) até 2026. No fim de 2022, Izolda expandiu a colaboração com os municípios da alfabetização para o segundo segmento do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) com uma lei que apoia a universalização do tempo integral para Ensino Fundamental nas escolas da prefeitura.
Começo em Sobral
A guinada começou em Sobral, em 2001, no segundo mandato de Cid Gomes (2001-2004), irmão do ex-governador Ciro Gomes. Izolda foi escolhida secretária adjunta de Educação e tornou-se fundamental para criar um programa que fez com que o índice de alunos plenamente alfabetizados passasse de 52% em 2000 para 92,2% em 2004.
Foram definidos três eixos de ação: demissão de todos os diretores por indicação política seguido de processo seletivo técnico para os novos escolhidos; formação de professores em serviço; criação de rotinas pedagógicas em sala de aula e aprimoramento dos materiais de ensino e valorização do magistério.
Foi a base do Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), implementada no estado a partir de 2007, quando Cid tornou-se governador. Em 2012, no governo Dilma Rousseff, o programa virou nacional e durou até 2018.
No ano passado, um estudo do Inep que avaliava o programa foi censurado pela presidência do instituto, sob o comando de Jair Bolsonaro. O trabalho foi liberado após decisão do TCU neste ano.
A avaliação dos pesquisadores é de que o programa atingiu o objetivo de acelerar a aprendizagem de matemática e linguagens nos primeiros anos do ensino fundamental e mostrou um efeito positivo do investimento, que na época foi de R$ 2,6 bilhões.
Com informações O Globo