ITAPURANGA GO - RETRÔ NEWS: "A EXPULSÃO DOS PADRES"..... O ano era 1973 e o país vivia os chamados " Anos de Chumbo" no governo do General Médice, tido como o mais cruel dos presidentes da Ditadura Militar 1964/85. Foi nesse clima de horror, que um grupo de pessoas da cidade, ligado as forças reacionárias locais, decidiu correr com os religiosos, Pe Ivo Poletto e Frei Antônio Marciano Filho (Frei Marciano), mas que era chamado por Pe Marciano. Os dois missionários eram recém -chegados a Itapuranga, com trabalho iniciado em 1972, portanto há 50 anos. Foi quando representantes da Arena (Aliança Renovadora Nacional), o partido da "Ditadura", somados a outras figuras da chamada ala-conservadora local, em não concordando com as ideias reformistas e inovadoras lançadas pelos dois religiosos, tomaram atitude extrema de expulsa-los a força da paróquia local. Há quem diga que a decisão da igreja em não participar de um ato ecomemico por ocasião da formatura das turmas dos cursos de Contabilidade e Normal daquele ano, também teria contribuído para essa atitude revoltosa. Embora nada justifique a violência. O fato foi que aquela situação de intolerância, chamou a atenção de toda a imprensa nacional e ficou conhecida a época, como; a "Expulsão dos Padres", de triste lembrança. Esse lamentável episódio, marcou profundamente a nossa comunidade católica, provocando sequelas que são sentidas até os dias atuais. Elementos tomados pelo ódio, alguns até armados, adentraram na antiga casa paroquial anexa a Igreja Cristo Redentor (Igreja nova do Xixazinho) foto, para promover a maior barbárie da história recente de Itapuranga. Pé Ivo Poletto não se encontrava no local naquele fatídico momento, no entanto Frei Marciano foi tirado a força de seus aposentos, levando consigo seus pertences no veículo da igreja, ajudado na fuga por membros da paróquia e por alguns fiéis presentes na hora da invasão. A idéia de proteger os menos -favorecidos em pleno regime autoritário e de defender paralelamente a criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, não foram bem aceitas pelas forças conservadoras da época. O referido episódio da "Expulsão dos Padres" provocou a presença imediata na cidade, do então Bispo da Diocese de Goiás, D Thomaz Balduíno, que tomado de muita coragem, peitou os " Valentões" ao celebrar missa de desagravo, condenando aquele ato covarde, anti -democratico e anti -Cristao. Por castigo ou não, nossa comunidade católica amargou por muito tempo, as consequências provocadas pela ausência de padres a frente da paróquia local, causando um prejuízo de dimensões incalculáveis ao povo católico. Quem comandou os trabalhos da igreja naquele período, foi o auxiliar e ex- seminarista José Guedes, que foi incumbido das tarefas pastorais, exceto celebrar missa e cerimônia de casamento. Nessa ocasião de escassez de padres, as cerimônias de casamento tiveram que ser adiadas, ou deslocadas para outras cidades vizinhas. Como foram os casos dos amigos; Olissio Martins e Dr Antônio Tavares, que na hora do "sim" as respectivas noivas, Maria de Lourdes e professora Ilda, tiveram que viajar até a Cidade de Goiás e Rialma.

"No período desse lamentável fato da "Expulsão dos Padres ", este modesto autor, contava com apenas onze anos de idade e confesso que eu não entendia direito toda aquela movimentação não muito comum....Mas pude perceber na insatisfação refletida no semblante triste do meu saudoso pai, seu Dimas de Morais Pessoa, a gravidade daquele trágico acontecimento".

Página negra e cruel da nossa história recente, que por intolerância, ódio e arrogância política, estas mesmas forças conservadoras, não tiveram a humildade de aceitar o contraditório. Sem querer fazer nenhum tipo de comparação com o momento atual, quando a nossa democracia é ameaçada quase que diariamente, despertou -me na minha lembrança, este triste fato ocorrido há quase 50 anos. Pedimos a Deus que episódio como este, da " Expulsão dos Padres", nunca mais aconteça na nossa abençoada Itapuranga. Fica aqui o registro!!!!!!!

Pesquisa e texto: Edson Pessoa.